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Artigo: Um sonho brasileiro

A pressão foi grande para que Brasília não fosse construída. Foi nesse contexto que nasceu a Novacap, que tinha como missão, muito além de construir uma cidade, também construir sonhos

Novacap -  (crédito: Novacap/Divulgação)
Novacap - (crédito: Novacap/Divulgação)

*Fernando Leite 

Sessenta e oito anos atrás, estar na pele do presidente Juscelino Kubitschek era, como diria seu conterrâneo Guimarães Rosa, muito perigoso. Porque viver é perigoso. A pressão foi grande para que Brasília não fosse construída. Havia conspiração no ar, que, mais tarde, se transformaria em perseguição, pessoal e política. Essa parte da história está registrada nos anais da imprensa da época, é sempre bom lembrar, pois foi nesse contexto que nasceu a Companhia Urbanizadora da Nova Capital, que tinha como missão, muito além de construir uma cidade, também construir sonhos.

E assim se iniciou uma epopeia única na história brasileira: desbravar o sertão não para saquear, não para oprimir ou perseguir, mas, sim, para unir e ensinar um povo a sonhar juntos. Brasília era então uma tarefa difícil, quase impossível aos olhos de muita gente. Ninguém escala uma montanha porque é fácil. O ex-presidente Kennedy dizia, também nos anos 60, que o homem iria à Lua não porque era fácil, mas porque era difícil.  

JK, que amava desafios, encarou o difícil e riscou a palavra impossível do seu vocabulário. Com a ajuda de 65 mil candangos, deu à Novacap as condições para construir, no meio do nada, a cidade mais brasileira de todas, no centro da América do Sul, no Cerrado distante do litoral, para muitos distante de tudo. Da mistura de insensatez, audácia, coragem e empreendedorismo, transformou o sonho em realidade. 

Tudo isso documentado por milhares de imagens, maquinários originais, documentos e depoimentos que estão aí, embriões de um projeto do Museu da Construção de Brasília (MCB), que a Novacap prepara com especial carinho, aqui revelado em primeira mão. Diferente de outras epopeias, mesmo as bíblicas, Brasília conta com a particularidade do registro de todas as fases de elaboração, que estarão à disposição dos curiosos e estudiosos.

Temos muito do que nos orgulhar da nossa construção conjunta. Hoje, com 3 milhões de habitantes alcançados nos últimos meses, o Distrito Federal apresenta o maior Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil (IDH), acima de muitos países desenvolvidos. Algumas de nossas regiões alcançam índices superiores ao da Noruega, país com maior desenvolvimento humano do planeta. E foi reconhecida, recentemente, como a cidade que oferece a melhor qualidade de vida do país, a partir de indicadores sociais e econômicos medidos pela respeitada International Parts Service (IPS).

E basta percorrer minimamente o Distrito Federal para constatar a presença da Novacap em milhares de ações que buscam inovar, melhorar, fazer diferente, seguindo orientação do governador Ibaneis Rocha para modernizar e reinventar a Novacap ante as novas demandas da população e do mercado. 

É hora de expandir a atuação de uma empresa, a rigor, única em todo o país. Para isso, precisa também crescer seu corpo técnico. Neste ano, após duas décadas, a Novacap promoveu seu tão esperado concurso público. Em breve, algumas centenas de novos colaboradores ajudarão a expandir sua presença no mercado (no DF e fora dele, por que não?) por meio de contratos de prestação de serviços, como o firmado com o Tribunal Regional Federal da 1ª região para a retomada das obras de sua sede.

Vale destacar a presença da Novacap na construção de cinco hospitais e reformas de dois outros, de cinco Unidades Básicas de Saúde (UBs), de cinco restaurantes comunitários, nada menos do que 1.200 salas de aulas para atender 30 mil alunos, de quase 700 quilômetros de calçadas, de recuperação de vias, limpeza e desobstrução das redes de drenagem etc. A lista é muito longa. Ah, não deixar de mencionar a tão aguardada reforma do Teatro Nacional, já em fase de conclusão na Sala Martins Pena. 

Os editais dessas unidades são inovadores, adotando modelo que desburocratiza a contratação e viabiliza de forma mais célere a contratação das empresas responsáveis pelas obras. Modelo que pode ser usado nos nossos próximos grandiosos projetos, como a reforma da Piscina de Ondas e da Ponte JK. Sem falar no alcance social de cada uma dessas obras, nos empregos que elas geram e na visível melhoria da qualidade de vida da população.

A Novacap, que completa 68 anos, é uma empresa criada para fazer o futuro, provando que aqui vive um povo que nasceu com o valor de ser de vanguarda. Dizem que a história se escreve por camadas, cada capítulo exigindo um novo, e este mais outro, e outro mais, sem nunca chegar a um ponto final, numa comovente sensação de participarmos de um sonho intenso, um sonho que não acaba nunca.

Brasília não é uma obra acabada. Ela está nos convidando a trabalhar mais.

 * Presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap)

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postado em 21/09/2024 06:00
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