Editorial

Visão do Correio: Setembro Verde e a doação de órgãos

Até maio deste ano, o Brasil tinha mais de 72 mil pessoas na lista de transplante de órgãos, sendo o rim o mais aguardado 

 Cirurgia de 21 horas, seguida por 17 dias na UTI: operação nunca havia sido realizada e, agora, passa por aperfeiçoamento -  (crédito: Joe Carrota/NYU Langone/Divulgação )
Cirurgia de 21 horas, seguida por 17 dias na UTI: operação nunca havia sido realizada e, agora, passa por aperfeiçoamento - (crédito: Joe Carrota/NYU Langone/Divulgação )

Setembro talvez seja o mês com o maior número de cores e campanhas em prol da saúde no Brasil. Dourado, roxo, azul, vermelho, amarelo e por aí vai. O Setembro Verde destaca a doação de órgãos e estimula a população a debater o tema e a se manifestar frente a seus familiares.

A legislação brasileira vigente diz que apenas a família pode autorizar a doação de órgãos do ente falecido. Nesses casos, estamos falando em doar uma grande quantidade de órgãos e tecidos, a exemplo de pele, tendões, pulmões, rins, fígado, pâncreas, intestino, válvulas do coração, ossos, e outras tantas possibilidades. Em vida, no entanto, é possível a doação de parte do fígado, da medula óssea e de um dos rins, desde que seja comprovada a compatibilidade sanguínea. 

A primeira boa notícia é que, em 2023, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil contabilizou o maior número de transplantes de órgãos na última década. Entre janeiro e setembro, foram registrados 6.766 transplantes, ultrapassando os 6.055 realizados no mesmo período em 2022.

A segunda boa notícia é o crescimento do número de doadores. Foram 3.060 efetivações de janeiro a setembro, contra 2.064 no ano anterior, o que corresponde a um crescimento de 17%. O destaque ficou por conta dos transplantes de rim, que tiveram um aumento de 113% em 20 anos, passando de 2.911 procedimentos para 6.208. 

Além dos avanços na saúde pública, assim como na interação entre agentes de saúde e famílias dos possíveis doadores, é importante pontuar o trabalho de acompanhamento de médicos e respectivas equipes junto aos pacientes e/ou familiares durante todo o processo de doação. 

As organizações de procura de órgãos (OPOs) desempenham um papel relevante, como parte do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Atuando como órgãos executivos da Comissão Nacional de Transplantes de Órgãos e Tecidos, tomaram como exemplo o modelo norte-americano, ficando responsáveis pela identificação, manutenção e captação de potenciais doadores. 

Embora tenha havido um crescimento significativo das doações de órgãos, o Brasil ainda engatinha nessa questão, tanto com relação ao desenvolvimento de políticas públicas que cubram todas as demandas quanto a campanhas que incentivem as doações intervivos ou após a morte. 

Até maio deste ano, o Brasil tinha mais de 72 mil pessoas na lista de transplante de órgãos, sendo o rim o mais aguardado (embora seja o mais transplantado), com cerca de 40 mil pessoas na fila, seguido pela córnea, que conta com mais de 28 mil solicitações e, depois, o fígado, com mais de 2.300 pessoas aguardando o transplante, segundo os dados do Ministério da Saúde.

Falta também uma sistematização quanto à legitimação dos doadores de órgãos. Não há unanimidade quanto à forma de se manifestar como doador, a não ser apontamentos individuais junto às famílias ou iniciativas de se pronunciar em documentos como a carteira de identidade. Não deixam de ser manifestações louváveis, mas ainda muito pouco disseminadas.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 13/09/2024 06:00
x