A decisão da direção do Departamento de Estradas de Rodagem, o DER, de proibir a venda de bebidas alcoólicas no Eixão do Lazer é um ponto que merece uma reflexão especial da sociedade. Depois da confusão registrada no último domingo em um dos principais pontos de encontro da população na capital federal, quando uma operação de órgãos do GDF gerou uma grande reclamação de frequentadores, ambulantes e produtores culturais e praticamente inviabilizou o evento, o governador Ibaneis Rocha deu 30 dias para que seja feito um Plano de Uso e Ocupação do Eixão do Lazer.
Até lá, a venda de bebidas alcoólicas está vetada pelo DER. E isso, sim, é um problema. Como um fomenta o trabalho do outro, produtores culturais e comerciantes reclamam que o veto à venda de cerveja, driks e afins é um duro golpe no Eixão do Lazer. A justificativa do DER é de que o Eixão é uma rodovia e existem leis que não permitem o comércio de álcool na beira da estrada.
Sim, a legislação existe, mas o primeiro ponto a se ressaltar é que a rodovia está fechada para os carros aos domingos. Não há tráfego. Outro ponto que merece atenção é de que existem dezenas de postos de combustíveis com lojas de conveniência que vendem bebida alcoólica nas vias urbanas. A DF-001, uma das principais rodovias do Distrito Federal, concentra quiosques abertos dia e noite. A regra vai valer para todos?
O Eixão do Lazer teve um crescimento expressivo na Asa Norte nos últimos dois anos. Antes, a concentração ocorria ali na altura da 12. Agora, com a adesão em peso da população, começa ao redor da 4 e vai até as imediações da 10/11. Tem opções para todos os tipos de público. No domingo anterior à operação do GDF, conviviam harmonicamente o forró, o samba, o jazz, o rock e o chorinho. Tudo isso em um intervalo de, no máximo, cinco quadras.
Se o consumo de bebida alcoólica por parte dos motoristas é um problema, as autoridades devem, então, agir para coibir. Hoje, a fiscalização de trânsito limita-se apenas ao controle de tráfego para travessias de pedestres nos eixinhos, com cones e agentes de trânsito, e delimitação de áreas de estacionamento. As blitze são praticamente inexistentes ao redor do Eixão do Lazer. O endurecimento da fiscalização é o primeiro passo para atacar a perigosa mistura de álcool e direção.
O Eixão do Lazer é sazonal. Atinge o auge justamente no período da seca. De novembro em diante, com a chegada da temporada de chuvas, a frequência cai bastante. Basta os órgãos públicos se prepararem com antecedência, com estratégias para combater os excessos e o comércio ilegal. O que não pode é querer acabar com um dos lugares mais legais de Brasília aos domingos. Isso, a história jamais esquecerá.
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