Desde que me lembro, gosto de ler biografias. Mais do que curiosidade sobre a vida alheia, queria saber como aquela pessoa obteve suas conquistas. Com a internet, passei a acompanhar os vídeos e as postagens das pessoas, que contam suas histórias. A cada relato, um aprendizado, uma inspiração. Tenho seguido assim e, o mais incrível, não me canso.
Gosto de lembrar do embaixador Luiz Martins de Souza Dantas que, nos anos de 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, contrariando o presidente Getúlio Vargas, ajudou dezenas de famílias de judeus a escapar da perseguição. Um trabalho para lá de silencioso e discreto que salvou vidas e que os descendentes agradecem.
Esses dias, eu me emocionei com o conselho do Gilberto Gil para a filha Preta, ao saber que o câncer reincidiu e, ela, novamente faria tratamento. "Se for sua hora, aceite." Quanta sabedoria de um pai. Resignação? Não acredito. Entendimento sobre a vida e seus desígnios próprio de quem viveu para lá dos 80.
Aos 42 anos, João Maia, primeiro fotógrafo cego e responsável pelas imagens oficiais das Paralimpíadas de Paris, foi outro a dar lição. "Não somos coitados nem super-heróis", disse ele, lembrando o quanto a palavra "superação" incomoda as pessoas com deficiência. A partir daí, passei a me observar sobre a tendência de romantizar situações, sem observar quem ocupa aquele lugar com propriedade.
O que essas pessoas têm em comum? Aparentemente, nada. Mas, ao contrário, elas seguiram seus princípios e desejos para fazer o que julgavam certo. Confesso que gosto muito disso. Costumo ouvir que sou do contra, não é verdade. Só me guio pelo que realmente acredito, o que, a meu ver, é mais forte do que qualquer pressão ou adversidade que surja.
Outro exemplo? Recém-empossada juíza do Trabalho, Fernanda Rocha, até então professora e advogada, foi de uma sinceridade ímpar. "Estudava sem parar", confidenciou ela, contando que acordava às 4h, de domingo a domingo. Depois, seguia sua rotina, mas onde estava, usava o fone de ouvido para escutar aulas e instruções e, assim ia. Foram cinco anos nessa lida. Certamente, quem desconhece essa trajetória, diria: "Sorte".
São pessoas assim que me inspiram, que me incentivam a seguir adiante e olhar além. Sem contar os muitos anônimos, que todos os dias, madrugam para dar seu melhor no trabalho, na escola e na faculdade. Pessoas que têm metas, que ultrapassam a obrigação de pagar os boletos, porque querem realizar sonhos e construir uma história bacana.
Determinação, garra e insistência guiam essas pessoas. Em todos os relatos, as dificuldades jamais se sobrepuseram. O pai de uma amiga, que chegou a alto executivo, escolhia entre o almoçar ou jantar porque o dinheiro não dava. Muitas vezes, dormiu com fome. Ele disse que jamais se arrependeu porque sabia que era passageiro. Foi. Acreditar que certos momentos, especialmente, os menos agradáveis, são transitórios é mais do que um alento. Olhando as experiências de tantos, é a certeza: nada, absolutamente, nada vence o guerreiro.
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