Opinião

A prova de títulos da Libertadores

Dos oito treinadores classificados para a próxima fase do principal torneio de clubes do continente, seis disputaram ao menos uma vez a final da Libertadores e/ou da Sul-Americana

Há quem dê de ombros, arraste para a lixeira, envie para a nuvem, dê perdido ou, no caso dos cartolas da era analógica, faça picadinho da folha de papel impressa com o currículo de um técnico de futebol candidato a uma vaga de emprego. Aviso aos RHs: as quartas de final da Copa Libertadores da América reforçam a relevância da velha prova de títulos na seleção do profissional responsável pelo projeto da Glória Eterna.

Dos oito treinadores classificados para a próxima fase do principal torneio de clubes do continente, seis disputaram ao menos uma vez a final da Libertadores e/ou da Sul-Americana. O argentino Gabriel Milito e o português Arthur Jorge são as exceções. O técnico do Botafogo é estreante em competições da Conmebol.

Adenor Leonardo Bachi, o Tite, levou o Internacional à conquista da Copa Sul-Americana em 2008 e brindou o Corinthians com o título inédito da Libertadores em 2012. Aos 63 anos, está nas quartas de final com o Flamengo. Sem contar um título (2019) e um vice (2021) com a Seleção Brasileira na Copa América.

Diego Aguirre enfrentará Tite no choque de ideias das quartas de final. O uruguaio com passagem por Atlético-MG, Internacional, Santos e São Paulo é o protagonista da última presença de um time uruguaio em uma final continental. Foi vice da Libertadores em 2011 justamente com o Peñarol. Perdeu o título para o Santos de Muricy Ramalho à beira do campo, e de Neymar e Paulo Henrique Ganso dentro dele. Aguirre foi campeão como jogador do Peñarol em 1987.

Mano Menezes está nas quartas de final da Libertadores com o Fluminense. Sonha com o título pessoal inédito perdido amargamente para o Boca Juniors em 2007, em Porto Alegre. Comandava o Grêmio na decisão contra aquele timaço de Riquelme, Palacio e Palermo. Portanto, tem expertise em alcançar a final do torneio.

Luis Zubeldía é o atual campeão da Copa Sul-Americana. O troféu continental pela LDU do Equador contra o Fortaleza, na temporada passada, catapultou o argentino a proprietário da prancheta do São Paulo. Mais um profissional com bagagem nos torneios continentais.

Jorge Almirón bateu na trave duas vezes em finais da Libertadores. Perdeu a de 2017 para o Grêmio de Renato Gaúcho com a prancheta do Lanús da Argentina. Na última edição, protagonizou quea de braço duríssima à frente do Boca Juniors contra o Fluminense, no Maracanã, porém perdeu o para o tricolor na prorrogação. Ele é o responsável pela campanha do Colo-Colo. Campeão em 1991, o time chileno está de volta às quartas de final depois de seis anos.

De volta ao River Plate, Marcelo Gallardo ostenta, ao lado de Tite, o currículo mais vitorioso entre os concorrentes. O ex-meia é bicampeão da Libertadores nas edições de 2015 e de 2018 — esta última contra o Boca Juniors —, foi vice diante do Flamengo em 2019 e campeão da Sul-Americana em 2014. A edição deste anos pode ser uma apoteose para o colecionador de 14 troféus no papel de treinador do clube. A final única de 2024 tem tudo para ser no Monumental de Núñez, a mansão do River Plate.

Arthur Jorge e Gabriel Milito jamais disputaram finais de torneios continentais na América do Sul, mas não devem ser descartados. Nas últimas 10 edições da Libertadores, oito técnicos conquistaram a taça pela primeira vez. Edgardo Bauza (2014) Marcelo Gallardo (2015), Reinaldo Rueda (2016), Renato Gaúcho (2017), Jorge Jesus (2019), Abel Ferreira (2020), Dorival Júnior (2022) e Fernando Diniz (2023). A maré está pra eles.

Arthur Jorge é debutante no torneio como um dia foram Jorge Jesus e Abel Ferreira. Os compatriotas dele chegaram botando banca. Levaram Flamengo e Palmeiras á Glória Eterna logo na estreia. O técnico do Botafogo é copeiro. Ganhou a Taça da Liga Portuguesa pelo Sporting Braga em 2023/24. O primeiro título de Gabriel Milito foi o Campeonato Mineiro neste ano pelo Atlético.

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