» Paulo Wanderley*
Quando as medalhistas de ouro no vôlei de praia Duda e Ana Patrícia desfilaram no Stade de France durante a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos Paris-2024, na noite de 11 de agosto, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) celebrou a segunda melhor campanha olímpica do país em número de pódios com uma quebra de protocolo.
Desde que o Comitê Olímpico Internacional (COI) instituiu, em Tóquio-2020, que as delegações desfilassem com dois atletas nas cerimônias de abertura e encerramento, todos os países compartilharam seus pavilhões entre um homem e uma mulher. A excelente performance feminina do Brasil conquistou, além das medalhas, o coração de milhões de brasileiros, engajando e emocionando toda a nação. Nada mais justo que as representantes do Brasil, na noite em que se renovam os votos de dedicação por mais quatro anos, fossem duas incríveis mulheres.
Os Jogos de Paris foram marcados pelo protagonismo feminino da delegação brasileira desde o início, uma vez que as mulheres representaram 55% do Time Brasil, um marco histórico. Além disso, das 20 medalhas brasileiras, 12 foram femininas, inclusive as três de ouro, com Duda e Ana Patrícia, no vôlei de praia, Rebeca Andrade, no solo da ginástica artística, e Beatriz Souza, no judô.
Ao mencionar as medalhas femininas é preciso destacar o desempenho de Rebeca Andrade, que, ao conquistar quatro medalhas em Paris, se tornou a atleta brasileira (entre homens e mulheres) com mais medalhas numa só edição dos Jogos. E mais: Rebeca agora passa a ser, com seis medalhas no total — duas dessas em Tóquio 2020 —, o maior nome do esporte olímpico brasileiro da história.
O protagonismo feminino não é por acaso. O COB tem estratégias claras nesse sentido, e o investimento já deu resultados nos Jogos Pan-americanos Santiago-2023. A implementação da área Mulher no Esporte e a criação de uma comissão específica para o tema, em 2021, tiveram justamente o objetivo de elaborar políticas, programas e projetos que gerem mais oportunidades para o aprimoramento das atletas, treinadoras e gestoras no esporte olímpico brasileiro.
O Brasil se despediu de Paris com a segunda melhor campanha da história. Dos 276 atletas brasileiros na delegação, 56 voltaram para casa com pelo menos uma medalha no peito. O desempenho foi superior ao da Rio-2016 em número total de medalhas (19) e ficou atrás apenas de Tóquio-2020 (21). Além disso, nossos atletas alcançaram outras 11 finais, ficando em quarto ou quinto lugar.
Em toda a sua história olímpica, iniciada na Antuérpia, em 1920, o Brasil conquistou 170 medalhas. Nunca as conquistas vieram no ritmo atual. Entre Antuérpia 1920 e Barcelona 1992, nosso país conquistou 39 medalhas, uma média de 2,4 pódios por edição. Entre Atlanta 1996 e Rio 2016, foram 90 medalhas em seis edições, com uma média de 15 conquistas por participação. Nas duas últimas edições, Paris-2024 e Tóquio-2020, o Brasil mudou de patamar: conquistou 41 medalhas, o que representa uma média de 20,5 pódios.
A performance de homens e mulheres na França ajudou o COB a atingir um dos seus principais objetivos quando organiza uma missão: dar orgulho ao povo brasileiro. O COB trabalha para que esse orgulho alcance a juventude do país e sirva de inspiração para que meninos e meninas entendam o quanto vale a pena ter uma vida pautada pelos valores olímpicos e pela busca de hábitos saudáveis.
E, para que os feitos maravilhosos dos atletas olímpicos tenham cada vez mais impacto e alcance, o COB desenvolveu estratégias modernas de comunicação e marketing que também deram grandes resultados em Paris. Com a adesão de mais de 2,5 milhões de novos seguidores ao longo dos Jogos, os canais do Time Brasil tiveram um crescimento superior a 42%. O Instagram do Time Brasil ultrapassou o dos Estados Unidos e subiu ao topo do pódio como o mais seguido no mundo entre os comitês. Foram cerca de 2 milhões de novos fãs durante os 17 dias de competição.
A difusão do movimento olímpico é um pilar estratégico do COB para tornar o esporte olímpico cada vez mais popular. E a melhor maneira que encontramos para isso é o engajamento digital, que também traz investimentos para o esporte nacional. Junto ao aumento das redes sociais, vieram novos patrocinadores para o esporte olímpico. Atualmente, são 21 as empresas privadas que apoiam o COB, um recorde absoluto.
Por meio da excelência, transparência e austeridade na gestão, o COB nunca investiu tanto na delegação brasileira como neste ciclo, com o contínuo processo de descentralização de recursos para as confederações. E o investimento comprovou resultados fantásticos. O país do futebol está se tornando também um país olímpico.
Porém, para seguir evoluindo e superar esse patamar de conquistas, é necessário a ampliação dos investimentos em infraestrutura para treinamento e competições, recursos humanos, atletas e equipes, entre outros. Se investimento e políticas públicas ainda são essenciais para a construção de uma nação esportiva e saudável, o investimento privado no esporte olímpico mostrou, em Paris-2024, ser altamente vantajoso para as empresas. Associar-se à imagem dos atletas brasileiros com tanto talento e histórias inspiradoras é, sem dúvida, garantia de retorno.
O Comitê Olímpico do Brasil tem convicção do poder do esporte como uma ferramenta de transformação para todo o país e seguirá trabalhando incansavelmente em estratégias que tragam o destaque merecido aos nossos atletas, inspirem as novas gerações e encham o país de orgulho.
*Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB).