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Artigo: Putin, a punição

Tudo o que o líder russo conseguiu foi a condenação e o desprezo da comunidade internacional, enquanto Zelensky ganhou visibilidade e abriu espaço para que a Ucrânia se torne membro efetivo da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte

Em 24 de fevereiro de 2022, Vladimir Putin ordenou que suas tropas invadissem a Ucrânia. O que o presidente russo não contava era com a resiliência e o patriotismo de um povo forjado por revoluções. O chefe do Kremlin esperava controlar Kiev e depor o governo de Volodymyr Zelensky em 72 horas.

Passaram-se 909 dias e a guerra de Putin tornou-se um atoleiro e um fiasco para a poderosa Rússia. Seus soldados têm dificuldades para avançar no front. Por sua vez, forças ucranianas realizaram incursões na região russa de Kursk e capturaram várias cidades.

Tudo o que Putin conseguiu foi a condenação e o desprezo da comunidade internacional, enquanto Zelensky ganhou visibilidade e abriu espaço para que a Ucrânia se torne membro efetivo da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Grosso modo, o ex-espião da KGB toma o próprio veneno, ao agredir uma nação vizinha soberana e independente.

Além do desgaste de seu capital político, Putin tem em suas mãos o sangue de milhares de soldados russos que pereceram durante uma guerra irracional e desproposital. O presidente da Rússia se vê em uma encruzilhada: se retira suas tropas da Ucrânia, sai desmoralizado e dono de uma derrota histórica.

Talvez seja forçado a abandonar o poder. Se persiste no conflito, corre o risco de perder mais soldados e equipamentos militares e de arrastar outras nações para os combates. No alto de seu orgulho, Putin dificilmente assinaria um acordo de paz com Zelensky.

A guerra do Kremlin tem outras camadas sinistras: câmaras de tortura foram encontradas em várias regiões que estiveram sob controle do Exército russo. Mais de 700 mil crianças ucranianas foram sequestradas pelos soldados e levadas para a Rússia ou para territórios em poder de Moscou, a fim de serem submetidas a um processo nojento de "deculturação".

Criados por famílias russas, os pequenos perderão sua própria identidade e sua cultura enquanto ucranianos, sendo obrigados a adotarem novo idioma e religião. Um processo que pode ser comparado ao ocorrido com os armênios, durante o genocídio cometido pelo Império Otomano, entre 1915 e 1921.

A comunidade internacional precisa dar a Putin desprezo por ter criado uma guerra com consequências nefastas para os civis ucranianos, e punição, por tantos crimes e violações de direitos humanos. Talvez impor mais sanções econômicas contra a Rússia, até que ela desista das ambições expansionista e da agressão a países vizinhos. O mundo tornou-se mais inseguro depois da aventura militar desastrada de Putin.

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