Visão do Correio

Visão do Correio: O desafio de achar os desaparecidos

Embora as polícias civil e militar tenham formação, técnica e experiência na localização de pessoas sumidas, a solidariedade entre os iguais pode ser um fator muito importante para localizar os que desapareceram

Não é só o crime organizado e a pacificação das cidades, sobretudo as grandes metrópoles, que desafiam as forças de segurança pública no país. O desaparecimento de pessoas também se coloca entre os graves casos a serem elucidados pelas instituições policiais. No ano passado, foram registrados mais de 80 mil casos de pessoas desaparecidas no país — um aumento de 3,2% em relação a 2022, segundo o Anuário da Segurança Pública.  

Embora a maioria das secretarias de segurança pública tenha acesso a equipamentos e equipes especializadas, encontrar quem sumiu de repente e se tornou um dos maiores problemas para as famílias não é uma missão fácil de ser cumprida. As plataformas virtuais, hoje cada vez mais avançadas, fazem parte dos suportes que os investigadores têm para tentar encontrar um desaparecido. Facilitam a comunicação e a divulgação das imagens dos procurados. Porém, nem sempre o resultado é o esperado tanto pela polícia quanto pelos familiares

O Distrito Federal, as forças policiais,  elogiadas pela competência e equipamentos técnicos que facilitam desvendar os crimes, encontram dificuldades para dar uma boa notícia às famílias que buscam, com desespero, um ente querido que desapareceu sem deixar uma pista sequer, que facilitasse o reencontro. Hoje, a capital do país ocupa o primeiro lugar no ranking nacional pelo elevado número de desaparecidos. Nos primeiros sete meses deste ano, 1.033 casos foram registrados — 15,9% a menos do que em 2023. Mas a queda nas ocorrências não  significa um alento para filhos que procuram por um pai, ou mãe que vive a incerteza se encontrará viva ou morta a filha que sumiu.

Há poucos dias,  a Secretaria de Segurança Pública do DF lançou o Protocolo Integrado para  Busca  de Desaparecidos. A cada denúncia, é liberado um sinal imediato de busca, uma vez que o tempo é um importante fator para um alcançar um bom resultado. Informações sobre o procurado são compartilhadas com 31 órgãos do GDF, inclusive a Polícia Federal. Além disso, as ferramentas virtuais das diversas plataformas também são usadas para divulgar imagens de quem está sendo procurado, com  descrição física e detalhes que possam facilitar um desfecho exitoso, sobretudo em casos de sequestro de crianças — o que não significa que tais dados sejam desnecessários em relação ao sumiço de adultos.

Desde 2019, o Brasil conta com a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas (Lei nº 13.812), que criou o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, e alterou a Lei nº 8.089/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).  Mas, na prática, cabe à Polícia Militar estadual a tarefa de encontrar os desaparecidos. Uma tarefa árdua, que envolve  não só a vida de quem está sumido, mas, na maioria das vezes, de todos os familiares. Em 2023, 52.970 desaparecidos foram encontrados. Mas, segundo o Anuário de Segurança Pública, isso não significa que todos estavam entre os mais de 80 mil desaparecidos. Uma parcela estava há anos fora do alcance do olhar de seus familiares.

Embora as polícias civil e militar tenham formação, técnica e experiência na localização de pessoas sumidas, a solidariedade entre os iguais pode ser um fator muito importante para localizar os que desapareceram. Não faltam avisos nas redes sociais de pessoas que buscam o paradeiro de um familiar e divulgam imagens de descrições. Se alguém sabe onde está a pessoa procurada, é hora de amenizar a ansiedade e as dores de quem sofre em busca de um parente. Ligue para a polícia e informe o paradeiro de quem está sendo procurado.

 


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