Opinião

Silvio Santos, o encantador de pessoas

O Brasil está de luto, mas guarda no coração um baú de memórias espetaculares. Este, sim, o verdadeiro baú da felicidade, com o perdão pelo trocadilho, que é mais do que justificável neste momento

Não há como deixar de lembrar de Silvio Santos sem associá-lo aos nossos domingos em família. Mais do que o maior comunicador do Brasil, ele foi aquele parente que chegava para alegrar nossas tardes de domingo. O Silvio Santos vem aí... e ele vinha, sempre, e veio por mais de seis décadas, acompanhando gerações de famílias brasileiras. Tantos quadros, tantas artimanhas, tanto improviso. Nenhum comunicador foi tão longevo e tão persistente na arte de entreter seu público. E o fez com maestria.

Como empresário da comunicação, construiu um império. Como pessoa, tornou-se um símbolo de gentileza, como vemos a partir de tantos depoimentos e homenagens daqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele nos bastidores do SBT. Todos relatam, além da gentileza, a generosidade de abrir portas, lançar talentos e criar oportunidades para tantos que hoje figuram entre importantes comunicadores e artistas brasileiros. 

Senor Abravanel nasceu na Lapa, no Rio de Janeiro, em 1930, filho de um casal de imigrantes, e morreu aos 93 anos de broncopneumonia na manhã deste sábado. Foi camelô, paraquedista, radialista, candidato à Presidência. Criou um sistema de televisão, uma empresa de capitalização, uma marca de cosméticos. Mais do que qualquer negócio, criou para si próprio uma marca única e tão próxima das pessoas. Silvio Santos virou coisa nossa, é coisa nossa, será sempre coisa nossa.

A afinidade com o público e o carisma como comunicador são algo que não se explica, nem se iguala. Silvio Santos fez escola e deixou discípulos, mas é de fato incomparável. Talvez, a sua alegria em estar próximo das pessoas explique parte do seu sucesso. Silvio tinha apreço por gente, pelo povo, pelos seus telespectadores, pelos profissionais que dividiam tela com ele no SBT. 

Em meio a tantas homenagens, aqueles que tiveram convivência mais próxima com ele lembram que era avesso a bajulações e íntimo dos elogios e das palavras encorajadoras. Era generoso. O Brasil está de luto, mas guarda no coração um baú de memórias espetaculares. Este, sim, o verdadeiro baú da felicidade, com o perdão pelo trocadilho, que é mais do que justificável neste momento. 

Silvio descansa agora, deixando um legado imenso para a radiodifusão brasileira, uma fonte de inspiração para todos que seguem e desejam seguir carreira na comunicação brasileira. Queria tanto entrevistá-lo. Não deu! Meus sentimentos para a família, amigos e para todos os colegas do SBT.     

 

 

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