Nesta semana, assistimos à declaração do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, sobre a emergência de saúde pública internacional com relação à Mpox. A doença tem avançado nos países da África, com destaque para a República Democrática do Congo. O comitê da entidade alertou para a detecção de uma nova cepa, o clade lb, considerada uma variante mais perigosa em quatro regiões africanas, onde não havia registros anteriormente.
Infecção viral, a Mpox pode se espalhar facilmente tanto entre pessoas quanto em animais. Basta o contato próximo com outra pessoa, como toque, beijo, relação sexual — seja a partir de fluidos corporais, gotículas respiratórias, sejam lesões —, além de objetos pessoais contaminados, como roupas e agulhas. Para piorar, a pessoa infectada é capaz de transmitir o vírus do início dos sintomas até que todas as lesões na pele cicatrizem completamente.
A preocupação das autoridades tem sentido. Embora o surto esteja limitado à África, ele tem peculiaridades com relação às cepas de 2022. Os níveis de contágio e mortalidade são superiores. Em 16 países africanos, são 38.645 casos em dois anos e meio, com quase 1.500 mortes. O número de casos aumentou em 160% este ano, comparado a 2023, e, desde o começo de 2024, mais de 17 mil casos e 500 mortes foram reportados em 13 países da África, de acordo com o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
No Brasil, não há motivo para pânico, pelo menos por enquanto, garantiu a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que trocou o termo "alarme", de Tedros, por alerta. No país, pouco mais de 700 casos e menos de 20 mortes foram registrados, e não há registros da nova variante. A pasta também diz estar negociando 25 mil doses de vacinas contra a doença com a OMS.
A recuperação de um paciente com Mpox pode durar até um mês, desde que o diagnóstico esteja correto. É que as erupções na pele podem ser confundidas com outras doenças, a exemplo da herpes zoster e varicela zoster, infecções bacterianas, entre outros. Em pacientes graves, são grandes as chances de prejuízos cerebrais. Um estudo publicado na revista científica Jama mostrou que a Mpox também pode provocar complicações neurológicas, apesar de raras, como cefaleia, inflamação no cérebro, distúrbios de humor, inclusive depressão e ansiedade, e dores crônicas neuropáticas.
Fato é que estudos mais avançados com relação ao vírus ainda são incipientes e não se sabe exatamente o que a doença pode fazer com o sistema nervoso central (SNC). Três imunizantes funcionam contra o vírus, mas a OMS não recomenda a vacinação massiva da população, e os medicamentos não são específicos, apenas aliviam sintomas. A última "ofensiva" da OMS é um pedido recente às farmacêuticas que fabricam esses imunizantes para que invistam maciçamente em pesquisa. Agora é aguardar, em estado de alerta.