De cada 10 adultos brasileiros, quatro têm níveis alterados de colesterol, de acordo com o Ministério da Saúde. O assunto voltou à tona esta semana, com o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, nesta quinta-feira. O colesterol alto é considerado um dos fatores que mais contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC).
Cada vez mais, especialistas reforçam a importância do acompanhamento de um cardiologista capaz de personalizar o atendimento, baseado em fatores de risco associados e em questões como idade, comorbidades (como diabetes) e outros hábitos, a exemplo de tabagismo e sedentarismo.
Sabe-se que, no corpo humano, são três os tipos de colesterol: LDL, HDL e VLDL, sendo o primeiro, também chamado de mau colesterol, motivo de maior preocupação por parte dos profissionais de saúde, já que, em altos níveis, está diretamente relacionado a uma série de doenças graves e de alto risco de mortalidade.
Acontece que cada um deles tem funções específicas, seja na formação de hormônios, no metabolismo de vitaminas seja na estrutura de várias células do corpo. Ao medir esses níveis, o médico leva em conta não somente os índices de lipídeos, mas também o risco cardiovascular do paciente.
O problema é que só costumamos nos preocupar com o colesterol quando o problema já existe. Na maioria das vezes, a hipercolesterolemia (colesterol alto) é uma doença assintomática, dando algum sinal muitos anos depois de instalada. Outro fator que contribui para essa "displicência" é que os adultos, além de negligenciarem esse tipo de exame, estendem o mau hábito a seus filhos — ou seja, raramente crianças e jovens têm esse teste como rotina nos checapes.
Com isso, a combinação de alimentação não saudável e rica em gorduras (tendência forte atualmente) e sedentarismo acaba sendo o caminho mais comum para quadros de obesidade, o que aumenta o risco da elevação dos níveis de colesterol LDL no sangue. Além disso, há o aumento dos triglicerídeos — o colesterol que vem do açúcar —, relacionado ao risco de outra doença: o diabetes, especialmente em crianças obesas.
O Atlas Mundial de Obesidade 2024 alerta que o Brasil corre sério risco de ter até 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com obesidade ou sobrepeso em 2035. Nesses casos, embora o colesterol vá aumentando aos poucos, ao longo dos anos, caso não haja uma mudança de estilo de vida, na fase adulta, ele passa a se fixar nas paredes dos vasos sanguíneos, principalmente nos de menor calibre. Resultado: aumenta-se o risco cardiovascular para doenças coronarianas no coração, o que pode levar ao infarto do miocárdio. Esse acúmulo pode atingir vasos da circulação cerebral, com o risco de AVC.
Fato é que, se as famílias não reconhecerem a importância da tríade alimentação de qualidade, exercícios físicos e acompanhamento médico, crianças e jovens podem desenvolver, precocemente, doenças cardiovasculares crônicas. A boa notícia é que é possível controlar o avanço do problema para garantir um futuro saudável às crianças e adolescentes, evitando, inclusive, uma morte relacionada a doenças cardiovasculares crônicas de forma precoce. Para isso, é necessário que a sociedade reconheça a importância do tema e invista na qualidade de vida desse recorte da população, proporcionando uma alimentação saudável, a prática de exercícios físicos, o combate ao sedentarismo, o acompanhamento de saúde geral e o incentivo para que possam crescer com hábitos de vida saudáveis.