Com duas semanas de campanha efetivamente nas ruas, a disputa pela Prefeitura de São Paulo demonstra que será o centro das atenções no país. Além de se tratar da maior cidade brasileira, com um orçamento que ficará próximo dos R$ 120 bilhões em 2025, o cenário eleitoral reúne elementos que nacionalizam o pleito, sendo uma espécie de terceiro turno de 2022 ou uma prévia do que será a corrida pelo Palácio do Planalto daqui a dois anos.
Dos três nomes que aparecem embolados nas últimas sondagens eleitorais na capital paulista, conforme mostram os institutos Datafolha e Quaest, dois apresentam vínculos com o bolsonarismo: o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputa a reeleição e tem o aval do governador Tarcísio de Freitas, e o coach Pablo Marçal (PRTB). Já o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de um revival de dois anos atrás, apenas com outros protagonistas.
Com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, a eleição dos paulistanos também nos dará sinais do que veremos pela frente em 2026. Uma eventual vitória de Boulos indicará a força de Lula em São Paulo, principalmente se reverter as dificuldades em parcelas do eleitorado, como mostrou a última pesquisa do Datafolha. O deputado federal encontra forte resistência entre os que têm renda de até dois salários-mínimos, aqueles com o ensino fundamental, os que se declaram pardos e os evangélicos. Nichos que a esquerda luta para manter influência. Na capital paulista, em 2022, Lula obteve 53,54% dos votos contra 46,46% de Bolsonaro.
Além disso, São Paulo será palco, em pouco mais de uma semana, de uma grande manifestação organizada pela direita no 7 de Setembro. Oficialmente, os organizadores do movimento tratam como um ato suprapartidário para o "resgate" da democracia, com foco no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Os candidatos a prefeito poderão subir ao palco. Se discursarem, o evento passará a ter uma caráter eleitoral e será mais um forte elemento a ser explorado pelos adversários.
Se em capitais como Rio, Recife e Salvador a disputa caminha para ser resolvida no primeiro turno, poucas cidades grandes têm um cenário tão indefinido quanto em São Paulo. Curitiba se aproxima, com quatro candidatos separados por apenas cinco pontos percentuais, como mostram as últimas sondagens eleitorais. Daqui até o primeiro turno, serão 37 dias. É uma eternidade quando se trata de campanha, tempo mais do que suficiente para surgirem fatos que mudam uma eleição. A história nos mostra isso.
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