Inclusão

Artigo: A evolução do paradesporto e a agenda ESG no Brasil

Há muito a ser trabalhado pelas empresas indistintamente, assim como pela sociedade, quando se pensa na inclusão social da pessoa com deficiência dedicado ao esporte paralímpico

03/10/2015. Crédito: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Esporte e Cidadania. Alunos dos Centros Olímpicos e Paralímpicos de Ceilândia, Riacho Fundo I, Samambaia e São Sebastião participam da fase final do Encontro do Esporte Paralímpico 2015, realizado pela Fundação Assis Chateaubriand e Secretaria do Esporte e Lazer do Distrito Federal na unidade de Samambaia. Encerramento das competições de atletismo reúnem paratletas profissionais do Centro de Treinamento em Educação Física Especial (Cetefe) nas equipes, disputando as provas junto com os alunos. -  (crédito: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)
03/10/2015. Crédito: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Esporte e Cidadania. Alunos dos Centros Olímpicos e Paralímpicos de Ceilândia, Riacho Fundo I, Samambaia e São Sebastião participam da fase final do Encontro do Esporte Paralímpico 2015, realizado pela Fundação Assis Chateaubriand e Secretaria do Esporte e Lazer do Distrito Federal na unidade de Samambaia. Encerramento das competições de atletismo reúnem paratletas profissionais do Centro de Treinamento em Educação Física Especial (Cetefe) nas equipes, disputando as provas junto com os alunos. - (crédito: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)

Wolf Kos* 

De amanhã, 28 de agosto, a 8 de setembro acontecerão os Jogos Paralímpicos 2024, em Paris, França. Para essa competição, a delegação brasileira será a maior já anunciada para uma edição dos Jogos no exterior, com 280 paratletas convocados pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Trata-se de um avanço conquistado e fruto de muito trabalho de entidades e instituições que tratam a inclusão da pessoa com deficiência promovendo o esporte e todo o seu cunho social.

Sim. O esporte paralímpico representa o social, inserido na agenda ESG entre empresas e instituições, como o Instituto Olga Kos de Inclusão, que, há 17 anos, vem colocando em prática o compromisso de possibilitar a maior interação entre pessoas com deficiência no Brasil. Há o objetivo de somar e levar adiante o desejo de ver o país cada vez mais inclusivo por meio de oportunidades que rompam barreiras sociais.

Entendo, no entanto, que há muito a ser trabalhado pelas empresas indistintamente, assim como pela sociedade, quando se pensa na inclusão social da pessoa com deficiência dedicada ao esporte paralímpico. Sobre essa questão, reforço que promover o esporte paralímpico é também trazer à tona várias das iniciativas sociais praticadas pelas empresas. 

Em dezembro de 2023, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), foi apresentado o Passaporte ESG, que é uma medida protecionista da União Europeia que trata da pauta da pessoa com deficiência voltada aos representantes dos mais diversos setores da sociedade que ajudam na formulação de políticas e diretrizes. Reforço que se trata de uma medida protecionista da comunidade europeia.

A implementação do Passaporte ESG exigiu que todas as empresas envolvidas na cadeia produtiva adotassem as diretrizes estabelecidas pela International Organization for Standardization (ISO), e essas diretrizes visam garantir práticas sustentáveis em todas as etapas de todo processo produtivo, desde a obtenção de matérias-primas até a comercialização do produto final.

Enquanto essa agenda avança mundialmente, no Brasil a pauta continua a ser discutida apenas entre o C-level (executivos) das empresas — sobretudo, as de capital aberto ou do setor financeiro. Isso significa que há quem ainda desconheça o significado de ESG e o quanto são impactados diretamente pelas questões ambientais, sociais e de governança — temas que dão origem à sigla.

Muitos representantes da sociedade civil ainda precisam compreender o significado da sigla ESG e em todos os escalões. Empresas de todos os setores precisam compreender com mais profundidade o que trata essa agenda, o que poderá auxiliá-las para melhor mensurar a forma como "fazem inclusão".

Uma dessas iniciativas ocorreu em 1º de junho de 2002 quando o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) disponibilizou o programa de acreditação para a certificação da Escala Cidadã Olga Kos (ECOK), que é um instrumento que objetiva mensurar, a partir de identificação, monitoramento e avaliação, como a inclusão é praticada no mercado de trabalho a partir das principais barreiras que impedem a inclusão laboral em empresas e/ou instituições. 

A partir de cinco variáveis, 20 indicadores e 37 requisitos, avalia-se o quanto uma empresa é inclusiva e a qualidade desses ambientes para todas as diferenças — sejam elas por gênero, idade, deficiência, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual ou qualquer outro fator de exclusão.

Nota-se, assim, que ampliar a discussão sobre ESG e sua prática entre as empresas segue como pauta fundamental. A evolução do paradesporto, certamente, tem tudo a ver com a prática ESG, que é uma realidade praticada pelas empresas nacionais.

CEO e criador do Instituto Olga Kos de Inclusão*

 

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postado em 27/08/2024 06:00
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