A decisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de reconhecer, oficialmente, o Entorno do Distrito Federal como Região Metropolitana, em um primeiro momento, aparenta ser um medida meramente burocrática, mas, a longo prazo, é a grande chance de melhoria de qualidade de vida para os 1.244.633 moradores das 11 cidades goianas que fazem parte da área: Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Cristalina, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás.
A Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno (Ride), composta por 33 municípios de Minas e Goiás, existe desde 1998, mas engloba cidades com diferentes realidades. Agora, com o refinamento feito pelo IBGE, será possível a adoção de políticas públicas específicas para as 11 cidades, que apresentam, como característica em comum, a grande desigualdade social e a falta de acesso a serviços básicos de qualidade. A dependência dos serviços de saúde do Distrito Federal, por exemplo, por uma parcela significativa da população demonstra a fragilidade local.
O transporte público é um grave problema. Falta eficiência. A existência de um trem urbano, como o existente em outras capitais brasileiras, sem dúvida, ajudaria a amenizar a locomoção até a capital federal. Facilitaria muito para reduzir o tempo de deslocamento até o trabalho e daria acesso a opções de lazer para as famílias no fim de semana. Falta de investimentos em saneamento básico e segurança pública é outra queixa contumaz da população.
A educação infantil também é um entrave. Há um grande clamor das mães por mais creches. Sem lugar para deixar os pequenos para ir trabalhar, uma solução muito comum é delegar os cuidados para vizinhos, amigos e parentes. Nessas 11 cidades, 41,8% da população ocupada têm emprego no DF. São cerca de 174 mil pessoas que potencialmente são atingidas pelo problema.
Por isso, vejo que o reconhecimento oficial do Entorno como Região Metropolitana pelo IBGE é um passo fundamental para a resolução de uma série de problemas que acomete a região há décadas. A alta densidade populacional, a intensa migração para o DF em busca de trabalho e a dependência de serviços públicos da capital federal evidenciam a necessidade urgente de políticas públicas integradas e efetivas. Como o IBGE divulgou ontem, os moradores de Brasília têm a maior expectativa de vida do país. Falta agora ampliar para os nossos vizinhos.
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