Nem sempre damos muita atenção à saúde dos olhos. Muitas pessoas somente se lembram disso quando ocorre algum problema. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que cerca de 6,6 milhões de pessoas têm algum grau de deficiência visual, e um estudo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) aponta que a cegueira acomete mais de 1,5 milhão de pessoas no Brasil.
Hoje é o Dia Mundial da Saúde Ocular, e a boa notícia é que 90% dos casos de doenças dos olhos são previsíveis e tratáveis. Mas a má notícia é que grande parte dos brasileiros — e isso é uma particularidade nossa — não vai ao médico, seja clínico, oftalmologista, geriatra ou qualquer outra especialidade.
Se problemas como miopia, hipermetropia e astigmatismo (defeitos refrativos) fossem diagnosticados e tratados imediatamente, assim como a catarata (que, geralmente, ocorre aos 60 anos), a retinopatia diabética e o glaucoma, os números acima certamente teriam uma queda vertiginosa.
De todas as informações que processamos ao longo da vida, 80% vêm da visão, o que demonstra que a saúde ocular é um bem equiparado aos órgãos vitais humanos. E não estamos falando apenas de idosos, mas também de crianças e jovens, que atualmente são expostos, cada vez mais, a telas de celulares e computadores — e a todos os males decorrentes do uso excessivo da tecnologia.
O que os oftalmologistas explicam, repetidas vezes, é que a busca precoce por atendimento funciona como estratégia de prevenção contra problemas oculares. Além disso, esse diagnóstico interfere, de forma positiva, na qualidade de vida — e, aqui, cabe falar de questões como produtividade laboral, desempenho educacional, convivência em família e até mesmo a redução de quadros de depressão e ansiedade.
A questão é que 34% da população brasileira adulta, segundo pesquisa do Ibope, com apoio do CBO, nunca foi ao oftalmologista — o que dirá as crianças. Muitos adultos, inclusive, nem se lembram de ter ido ao "médico que cuida dos olhos" na infância, porque nunca foi um hábito ou constava da rotina dos pais antigamente.
Na rede pública, o paciente precisa procurar, inicialmente, a Unidade Básica de Saúde (UBS) para ser atendido por um clínico geral. A partir da avaliação médica de um generalista, ele o encaminhará, caso veja a necessidade, para um oftalmologista. O problema é que as filas são intermináveis e, muitas vezes, o paciente nem lembra mais que havia solicitado uma consulta, tamanha a demora para ser atendido.
Enfim, enquanto a consulta não chega e os governos não investem em campanhas amplas sobre cuidados e prevenção, o importante é proteger a visão, reduzindo o tempo de exposição a telas, não coçando os olhos, lavando as mãos antes de colocar lentes de contato ou não expondo-os diretamente aos raios solares. Por enquanto, fiquemos com as estatísticas mundiais divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS): cerca de 1 bilhão de pessoas sofrem com algum tipo de problema de visão que poderia ter sido prevenido ou tratado.
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