Se desde quarta-feira, com o início das disputas em esportes coletivos por conta do calendário apertado, os olhos de todo o mundo estão voltados para Paris, é apenas na tarde de hoje que oficialmente começam os Jogos Olímpicos. Serão duas semanas mágicas, de celebração dos melhores atletas do mundo, com cenas que ficarão marcadas para sempre na memória de todos nós.
Minha primeira lembrança olímpica remete a 1984. Naquela época, não entendia muito bem o que significava todos parados em frente a uma televisão de tubo, por volta das 21h, para assistir um corrida de 800m rasos com menos de um minuto e 50 segundos de duração. Quatro décadas depois, sei muito bem o significou o ouro do taguatinguense Joaquim Cruz em Los Angeles. Como costumava questionar o escritor argentino Júlio Cortázar (1914-1984), "o que é a lembrança senão o idioma dos sentimentos?".
Nos mesmos jogos de Los Angeles, outra cena marcou a minha infância, muito por causa de uma famosa propaganda de um suplemento alimentar que celebrava a suíça Gabriela Andersen-Schiess. Sei que é grande a chance de não ligarmos imediatamente o nome à pessoa, mas se trata daquela atleta que chegou cambaleando na linha de chegada da maratona. Considero o maior símbolo de espírito esportivo e amor ao esporte.
Mas nem só de heróis vive a história olímpica. Quatro anos depois, em Seul, o mundo viu estarrecido a desclassificação de Ben Johnson nos 100m rasos por doping. De homem mais rápido do mundo a trapaceiro foi um pulo. O uso de substâncias proibidas não combina com o esporte e o velocista canadense saiu de cena pela porta dos fundos. O mesmo motivo levou ao banimento da Rússia dos Jogos Olímpicos. Em Paris, são poucos os russos que vão disputar a edição de 2024, e todos são denominados "atletas neutros".
E também não faltará polêmica. A primeira dela ocorreu na quarta-feira, com a invasão de campo, anulação do gol de empate da Argentina e retomada da partida de futebol depois de incríveis duas horas, com direito a decisão do árbitro de vídeo nos momentos derradeiros. Messi, o supercraque argentino, mostrou-se indignado nas redes sociais com a arbitragem na abertura da disputa olímpica. Curiosamente, não adotou a mesma postura quando os seus companheiros de seleção entoaram uma música racista, no começo do mês, na celebração da conquista da Copa América. Incoerente, no mínimo. O silêncio de um líder é emblemático.
O início do fim de um ciclo olímpico começa agora. É hora de sabermos quem serão os novos heróis e vilões. Eu já tenho os meus favoritos. E você, caro leitor?
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