Um dos maiores artistas de Brasília não tem um espaço para chamar de seu. Ele deu vida, com sua arte, a uma série de construções e monumentos da capital da República. Sua obra se espalha pela cidade, extravasa ambientes fechados, é certo. Mas também merece um lugar de preservação de sua memória. Mais do que merecimento, na verdade trata-se de um reconhecimento e reparação histórica.
A Fundação Athos Bulcão e todos os defensores sérios do patrimônio desta cidade pleiteiam, há mais de uma década, uma sede. Por que tanta demora? Ingratidão ou omissão poderia ser a resposta apropriada. Porém, é contraproducente neste momento buscar os responsáveis por tamanho desprezo a um dos nossos artistas mais queridos. Vamos olhar para frente.
Começamos, enfim, a mirar na direção certa. O primeiro passo deste caminho foi dado: a audiência pública que reuniu uma diversidade de representantes dos movimentos culturais, artísticos e de defesa do patrimônio. Além deles, políticos, advogados, procuradores, professores, professores, representantes do Ministério da Cultura e do Itamaraty. A filha do arquiteto Lelé Filgueiras, que fez o projeto da sede da Fundathos, e o filho de Niemeyer também estiveram presentes.
A audiência terminou com o aval de todos para a concessão do terreno para a sede e o compromisso dos políticos em garantir emendas para a construção do projeto. A Secretaria de Cultura prometeu empenho nas próximas etapas, que ainda envolvem uma burocracia chata, mas necessária para que tudo seja feito de acordo com a lei, e assim eliminar qualquer entrave ao projeto. Que sejam céleres! Athos já esperou demais.
O acervo dele faz parte de nossa memória primordial. É preciso apoiar os projetos que resgatam e atualizam a história da cidade. Como bem disse Severino Francisco, cronista do Correio, a audiência foi "um momento em que Brasília afirmou a dignidade de ser Brasília". Assino embaixo.
Todos nós precisamos nos envolver em projetos que mostrem a nossa grandeza, história, memória. Hoje, o Correio está na Motim, feira colaborativa de arte impressa, com uma exposição de 20 fotografias de cenas de Brasília desde os anos 70. Te convido para prestigiar o evento, que ocorre no Museu da República. Além de apoiar e conhecer o trabalho de artistas incríveis, você e sua família ainda podem se apropriar da história da cidade que os abriga. Esse abraço a Brasília nunca foi tão necessário.
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