Futebol

Artigo: O livro de cabeceira do Dorival

A literatura não entra em campo, mas auxilia cada vez mais profissionais como o técnico da Seleção Brasileira a liderar talentos

O livro
O livro "A incrível viagem de Shackleton" Dorival no vaivém da Seleção pelos EUA na Copa América - (crédito: RAFAEL RIBEIRO/CBF....)

Dorival Júnior não se limita à leitura tática. Aprecia livros. O paulista de Araraquara leva na bagagem para cima e para baixo uma obra do jornalista e escritor norte-americano Alfred Mark Lansing nos deslocamentos do Brasil pelos Estados Unidos. As 320 páginas de A incrível viagem de Shackleton inspiram o técnico da Seleção Brasileira na Copa América, especialmente no clássico de hoje contra o Uruguai, às 22h, em Las Vegas, pelas quartas de final.

A publicação volta 110 anos no tempo. Estamos em 1914, nos tempos das grandes conquistas no início do século 20. Havia desafios como chegar ao Pico do Everest, ao Polo Norte ou atravessar o Oceano Atlântico em tempo recorde.  

O protagonista do livro é o comandante inglês Ernest Shackleton. A bordo do Endurance, o explorador planejou cruzar o continente antártico via Polo Sul. A um dia de ancorar em um porto seguro e realizar o sonho, a embarcação de Shackleton ficou presa em um bloco de gelo no mar de Weddell. Os destroços serviram de abrigo para a tripulação  na longa espera até a primavera.

Quando o gelo cedeu, Shackleton acusou danos irreversíveis na embarcação. Crateras causadas pelo acidente decretaram o naufrágio do Endurance. Em meio ao caos, os sobreviventes desenvolveram um plano para voltar ao lar usando botes salva-vidas. Uma das estratégias foi selecionar os mais fortes para empurrá-los por mais de 100km até o oceano. A alimentação era à base de peixes, focas e pinguins. Em respeito ao autor, não darei spoiler. A versão em língua portuguesa foi lançada em 2011 no Brasil pela Editora Sextante.  

O técnico da Seleção completa, hoje, cinco meses e 29 dias no cargo em um ciclo tumultuado rumo à Copa do Mundo de 2026. A era pós-Tite começou com Ramon Menezes e passou pelas mãos de Fernando Diniz antes do preferido, Carlo Ancelotti, renovar contrato com o Real Madrid. Coube ao ex-treinador do Flamengo e do São Paulo a missão de tocar um transatlântico arrasado por derrotas para Marrocos, Senegal, Uruguai, Colômbia e Argentina; empate com a Venezuela; vitórias contra Bolívia e Peru; e sexto lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas.  

A incrível viagem de Dorival Júnior começou com um triunfo diante da Inglaterra, empate diante da Espanha, vitória contra o México, igualdade com os EUA e o segundo lugar na fase de grupos da Copa América. A expedição do hexa se arrasta há 24 anos e o sinal de vida para a tentativa de quebrar o tabu passa pelo plano de resgate da Seleção liderado por Dorival na Copa América.

A literatura não entra em campo, mas auxilia cada vez mais profissionais como Dorival Júnior a liderar talentos. A obra O poder do hábito inspirou o treinador a levar o Flamengo aos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores em 2022. No ano passado, o livro Jesus no lar ajudou o técnico a levar o São Paulo à glória inédita na Copa do Brasil. Que escreva a história do hexa.

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postado em 06/07/2024 06:00 / atualizado em 06/07/2024 06:00
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