Futebol

Artigo: Divertida Mente 2 e as seleções

Como as velhas e as novas emoções da sequência do filme de animação da Disney/Pixar se adaptam aos nossos sentimentos em relação aos times da Copa América e da Eurocopa 2024

Assisti à estreia do filme de animação Divertida Mente 2. Recomendo cada um dos 96 minutos. Tempo de uma partida de futebol mais acréscimos no apito de um árbitro conservador pouco afeito a esticar o jogo. Como os nossos papos de sábado costumam ser sobre esportes, aproveitei o período de Eurocopa e de Copa América para associar as seleções às velhas emoções (raiva, medo, alegria, tristeza e nojo) e às novas (ansiedade, tédio, vergonha, inveja e nostalgia) apresentadas à personagem principal da trama, a adolescente Riley, jogadora de hóquei sobre o gelo.

Alegria é sinônimo de Espanha. É o que sinto ao ver Rodri, Pedri e Fabián Ruiz dando ritmo ao meio de campo. La Roja nos deixa encantados com os pontas Nico Williams e Lamine Yamal.

Tristeza combina com a Inglaterra. Como pode uma seleção tão sortida de craques praticar um futebol tão ruim na vitória contra a Sérvia e no empate com a Dinamarca? Para os súditos, a culpa é do técnico blasé Gareth Southgate.

Inveja da França. Didier Deschamps ostenta talentos em série. Muito além de Mbappé. Quem não gostaria de ter Kanté, Rabiot e Griezmann no meio de campo? Marcus Thuram em uma ponta e Dembélé na outra. Camavinga, Tchouaméni, Mendy. Giroud, Muani, Fofana, Coman e Barcola no banco.

Raiva temos da Holanda, da Bélgica e da Croácia. Não só por terem sido vilãs do Brasil em três das últimas quatro Copas, mas devido ao futebol enganoso. Atestam como o Brasil vacilou nas quartas de final em 2010, 2018 e 2022.

Ansiedade é o mal de Portugal. Deixou de ser Cristiano Ronaldo 10 faz tempo. Há talento em todas as posições. Ao mesmo tempo, os lusitanos empilham campanhas frustradas pela pressa, a aflição de provar capacidade.

Nostalgia é o sentimento despertado por Alemanha e Itália. Potências respeitadas pelo peso da camisa, não devido ao futebol insosso servido na Eurocopa. Há talento, porém são seleções sem sal. Falta o tempero dos velhos tempos.

Medo da Argentina. Os atuais campeões do Mundial, da Copa América e da Finalíssima exorcizaram fantasmas. Passaram a ganhar tudo e (ainda) desfrutam de Messi. A transição mostra que podem até ser melhores sem ele.

Nojinho do Uruguai devido ao monopólio de meias: Arrascaeta, De La Cruz, Valverde e Betancur são artigos em extinção no futebol pós-moderno.

Tédio compõe o combo do Brasil. Ver a Seleção jogar dá enfado. Vergonha também. A CBF jogou 15 meses do ciclo para a Copa de 2026 no lixo. Dorival Júnior tenta colocar ordem no caos e mostrar progresso a toque de caixa. Sexto mais jovem entre as 40 seleções da Copa América e da Eurocopa, o elenco do Brasil (25,7 anos) é uma confusão dE sentimentos. Adolescentes e jovens em busca de maturidade. O povo perdeu a alegria de ver o Brasil jogar. Cabe a Vinicius Junior, Rodrygo e Endrick resgatar a nossa dIversão a partir de segunda-feira na estreia na Copa América contra a Costa Rica.

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