Finanças

É preciso entender a previdência privada

A previdência privada surge como uma forma de complementar previdência pública, contribuindo para tornar mais plausível aquela aposentadoria tranquila com a qual sonhamos quando estamos na nossa fase laboral

Marcelo Rosseti, superintendente executivo da Bradesco Vida e Previdência

Se você pesquisar no Google por "benefícios da previdência privada", descobrirá que existem mais de 46 mil conteúdos sobre o assunto, desde as famosas listas elencando cinco ou 10 motivos pelos quais você deve contratá-la até relatos de quem investiu no produto há 15, 20 anos e está usufruindo dos seus benefícios. Argumentos não faltam para você incluí-la em seu planejamento financeiro, visando conquistar um futuro com mais segurança e conforto.

No entanto, um levantamento realizado recentemente pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) apontou que somente 11 milhões de pessoas têm um plano de previdência privada no Brasil — considerando as modalidades individual e coletiva. Já uma pesquisa inédita  realizada pela Edelman Comunicação a pedido do Grupo Bradesco Seguros mostrou que, entre os brasileiros que têm algum tipo de seguro, apenas 15% contam com a previdência privada — a última colocada entre as modalidades consideradas.

Como revelam os números, há um longo caminho a trilhar para popularizarmos o produto. E a melhor forma de prosseguir nessa trajetória é ampliar a disseminação do conhecimento, além de esclarecer alguns mitos que cercam o assunto. Muitas pessoas acreditam, por exemplo, que a previdência privada não é um investimento eficiente, o que não corresponde à realidade. Trata-se de um instrumento de planejamento financeiro de longo prazo com características e atributos exclusivos que garantem vantagens competitivas importantes perante as demais modalidades.

Entre elas, podemos destacar: isenção da cobrança semestral de Imposto de Renda (IR), o chamado come-cotas, que incide sobre os rendimentos de fundos de investimento que não são de previdência; portabilidade, que permite ao investidor trocar de gestor ou de fundo sem a incidência de imposto, alterando sua estratégia de investimento em função do seu momento de vida ou mesmo para aproveitar janelas de oportunidades no mercado financeiro; dedução dos aportes e contribuições feitas ao plano em até 12% da renda bruta anual, no caso do PGBL, para quem faz a declaração completa do IR e contribui para o INSS; flexibilidade para conversão em renda na fase de usufruir do benefício; facilitação do planejamento sucessório.

Da mesma forma, ao contrário do que muita gente imagina, os planos de previdência privada não exigem investimentos elevados, nem estão restritos à parcela de maior renda da população. Há no mercado opções com contribuições iniciais a partir de R$ 50 ao mês, que possibilitam acesso a produtos sofisticados para os mais diversos perfis de investidor. Além disso, é possível programar aportes mensais de acordo com a disponibilidade financeira de cada indivíduo.

Há, ainda, a crença de que a previdência privada é inflexível em termos de resgates e contribuições. Entretanto, os planos disponíveis no mercado oferecem diferentes modalidades que permitem ajustes conforme as necessidades e a realidade do contratante. Em caso de necessidade, ele tem plena autonomia para efetuar resgates parciais ou mesmo o resgate total no seu plano de previdência.

É também muito comum as pessoas projetarem um futuro em que poderão desfrutar de uma aposentadoria tranquila somente com os proventos recebidos da previdência social. Infelizmente, porém, o sistema previdenciário público no Brasil enfrenta desafios estruturais que geram incertezas quanto à sua sustentabilidade, o que pode impactar os benefícios futuros, em virtude do crescente envelhecimento da população e das mudanças também estruturais que vêm ocorrendo no mercado de trabalho. A previdência privada surge, então, como uma forma de complementar previdência pública, contribuindo para tornar mais plausível aquela aposentadoria tranquila com a qual sonhamos quando estamos na nossa fase laboral.

Sabemos que o Brasil é um dos países que mais rapidamente envelhecem no mundo: projeções indicam que, em 2060, a população idosa ultrapassará a de jovens, aumentando ainda mais a responsabilidade de garantirmos uma longevidade saudável para as próximas gerações. Portanto, se me permitem um conselho, eu diria: comece a preparar seu futuro no presente. Quanto mais cedo, melhor.

 

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