O Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural do DF, vinculado à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF, vai declarar a faixa de pedestre como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal. O secretário Cláudio Abrantes fez o anúncio no programa CB.Poder da última quarta-feira. Fiquei feliz com a novidade. Não apenas pelo reconhecimento à importância deste equipamento público para a civilidade no trânsito, mas porque ela honra toda a história de luta para torná-la realidade — luta essa que teve o Correio como protagonista.
Tornar as faixas de pedestres patrimônio também deve transformá-las em prioridade e, assim, mantê-las preservadas e mais respeitadas — ao menos, assim esperamos. Da mesma forma como lá atrás a estratégia vitoriosa de José Aparecido, que culminou com o tombamento de Brasília e o título de Patrimônio Cultural da Humanidade concedido pela Unesco, salvou Brasília da especulação imobiliária e de outros interesses escusos de transformar a capital em quintal lucrativo dos poderosos. Documentário disponível no Canal Brasil sobre o ex-governador mostra como ele foi visionário a esse respeito.
Há algumas semanas, o New York Times elegeu Brasília como uma das cidades mais bonitas do mundo. Mais uma vez, ficam claras a grandeza e a importância da nossa capital. Neste momento, em que se discute o PPCUB (Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília), que foi uma recomendação da Unesco à época da outorga do título, é importante que todos estejamos atentos e fortes para questionar pontos que pareçam desvirtuar as características do projeto original.
O Correio tem ouvido especialistas no podcast e na versão impressa e vai promover um debate amplo sobre o tema. A despeito da aprovação, que pareceu feita em tempo recorde, apesar de estar há uma década e meia na Câmara Legislativa, está claro que o tema merece mais discussão.
Não se pode levar apenas em consideração interesses escusos de políticos e empresários de má-fé, travestidos de guardiões da preservação, quaisquer que sejam eles, em um assunto tão sério como este. O bem de Brasília e tudo o que foi feito para preservá-la é o que de fato importa para esta e as futuras gerações, também para manter o título e tudo o que ele representa.
Preservação pode e deve caminhar junto com o desenvolvimento. O discurso sempre falacioso de que uma emperra o outro é desculpa para entregar a cidade de bandeja para quem deseja lucrar sempre às custas da qualidade de vida de todos. Não há dúvida de como a ganância e o dinheiro estão atrelados a mudanças de destinação de área, à poluição visual e a outros problemas que agridem o projeto tombado.
A verdade é que está tudo muito confuso e que nem mesmo especialistas são unânimes ao apontar vantagens e desvantagens do plano tal como foi aprovado. É hora de entender o que está em jogo e tentar separar o que de fato preserva e o que contribui com a ruína do conjunto urbanístico. Todos nós devemos estar empenhados em esclarecer eventuais pontos cegos de um projeto tão importante para nossa qualidade de vida. Brasília e suas conquistas merecem respeito.
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