O Brasil avançou na adoção de políticas públicas em favor da saúde bucal. Na última quinta-feira, por ocasião dos 20 anos do programa Brasil Sorridente, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, divulgou o resultado das últimas ações de enfrentamento na prevenção e tratamento de doenças da boca. Segundo o levantamento Saúde Bucal Brasil 2020/2023, 53% das crianças de cinco anos estão livres de cáries. Trata-se de um progresso em relação a 2010, quando esse índice era de 46%.
Duas décadas após o lançamento do Brasil Sorridente, o governo Lula ampliou os investimentos para ampliação da política de saúde. A ministra Nísia Trindade ressaltou a aplicação de R$ 4,3 bilhões em ações profiláticas, um aumento de 126% em relação ao ano passado. No cerne da estratégia, está evidente a prioridade ao atendimento de campo, com reforço na utilização de unidades móveis, novos centros de especialidades odontológicas e aquisição de equipamentos.
Estimam-se que as doenças bucais atinjam cerca de 3 bilhões de pessoas no mundo. Cárie, doença periodontal e câncer de boca configuram, nessa ordem, entre as ocorrências mais frequentes. É importante sublinhar que, muitas vezes, os males da boca refletem uma conjunção de questões ligadas à saúde, como hábitos alimentares com alto teor de açúcar, consumo excessivo de álcool, fumo e falta de higiene. Em relação às três incidências mais frequentes relativas à saúde bucal, ressalte-se que somente a primeira — a cárie — é mais evidente ao senso comum, com manifestação de dor. As outras duas tendem a progredir de forma silenciosa e têm potencial de alcançar um grau de difícil tratamento.
Nesse contexto, é importante ressaltar o papel da sociedade civil na conscientização sobre a saúde bucal. O engajamento começa em casa: a família tem grande responsabilidade na educação das crianças, pesadamente influenciadas pela indústria de alimentos e bebidas com quantidades exageradas de açúcar. É essencial, ainda, incutir nos pequenos o hábito de escovar os dentes, a fim de evitar o surgimento de lesões na superfície dental e/ou inflamações na gengiva. Visitas regulares ao dentista também devem entrar na rotina familiar. Iniciativas como o Brasil Sorridente vêm exatamente para atender a essa necessidade.
Na realidade brasileira, a ampliação do atendimento ortodôntico se torna um desafio considerando as dimensões continentais do país, bem como a profunda desigualdade no acesso a serviços de saúde. Constam entre os objetivos do governo federal o reforço na atenção, por exemplo, das populações ribeirinhas. Há um planejamento para se implementar a modalidade de sessão única, na qual problemas complexos — como tratamento de canal —são resolvidos em algumas horas.
Outra frente importante é a maior fluoretação da água oferecida pelos serviços públicos de abastecimento. Dados indicam que essa estratégia tem contribuído de modo relevante para a redução de doenças ortodônticas. Como se vê, é possível sorrir quando se fala de saúde pública no Brasil. Basta conjugar política pública responsável com consciência cidadã.
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