A estreia na Eurocopa-2024 de Sylvio Mendes Campos Júnior, o Sylvinho, à frente da Albânia contra a atual campeã Itália, hoje, às 16h, no Westfalenstadion, em Dortmund, indica que jovens técnicos brasileiros estão procurando — e achando — caminhos alternativos no mercado diante da preferência nacional por treinadores importados.
A primeira divisão tem 10 profissionais estrangeiros: seis portugueses e quatro argentinos. Outros 10 são “santos de casa”. Sylvinho já foi um deles. O auxiliar de Tite na Copa da da Rússia em 2018 assumiu o Corinthians em 28 de maio de 2021 e perdeu o emprego em 3 de fevereiro de 2022. Foram 251 dias (43 jogos) no cargo em um clube no qual tem história.
Nos tempos de lateral-esquerdo, conquistou a Copa do Brasil em 1995, o Brasileirão em 1998 e um Tri no Paulista em 1995, 1997 e 1999. Sylvinho aprendeu a ser respeitado na Albânia. Lá se vão 529 dias de trabalho desde a posse, em 2 de janeiro de 2023. Classificou o país pela segunda vez para a fase de grupos da Euro.
O primeiro duelo será contra uma escola conhecida dele. O ex-jogador foi auxiliar na Internazionale. Apreendeu com mestres como Roberto Mancini, cometeu erros na passagem de 98 dias (20 jogos) pelo Lyon e acumulou bagagem para o duelo tático com Luciano Spalletti, comandante da Squadra Azzurra.
Sylvinho não é o único brasileiro a dar a volta ao mundo em busca de oportunidades aleatórias. Há dois anos, André Jardine brindou o Brasil com a segunda medalha de ouro no futebol masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Antes, ele havia sido tratado como iôiô pelo São Paulo. Virava interino, era efetivado, voltava ao papel de auxiliar até dar um basta nisso.
Jardine arrumou as malas e migrou para a Liga MX, como é chamado o Campeonato Mexicano. É a sensação no país. Levou o América do México aos títulos do Apertura 2023 e do Clausura 2024. Superou o Tigres e ergueu a Copa dos Campeões. Não se assuste se Jardine assumir em breve a combalida seleção do México — um dos anfitriões da Copa de 2026.
Os brasileiros Mauricio Barbieri (Juárez) e Gustavo Leal (San Luís) também militam na Liga MX. Rogério Micale levou o Brasil ao primeiro ouro no futebol nos Jogos do Rio2016. A pressa inviabilizou trabalhos em times. Foram 31 dias no Atlético-MG, 38 no Paraná, 28 no Figueirense e a certeza de que não dava mais para trabalhar assim. Micale comandará o Egito na Olimpíada de Paris-2024. O emprego é dele há 681 dias na terra dos faraós.
Demitido pelo Botafogo com 99 dias de trabalho, Thiago Nunes assumiu a Universidad Católica do Chile. Antes, ele havia trabalhado no Sporting Cristal do Peru. O ex-zagueiro Antônio Carlos Zago comandará a Bolívia na Copa América. Sylvinhos e outras Albânias mostrarm caminhos alternativos para quem deseja ser técnico.
Há campos de trabalho além dos limites geográficos do futebol brasileiro
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