Meio ambiente

Artigo: Semeando futuros

Ao longo dos últimos 15 anos, o Fundo Vale tem seguido o novo paradigma econômico, que é impulsionado pela urgência de proteger e recuperar florestas diante dos efeitos da crise climática

Há mais de 80 espécies, a maioria está na África, e com imensa capacidade de mudar de coloração
 -  (crédito: Freepik)
Há mais de 80 espécies, a maioria está na África, e com imensa capacidade de mudar de coloração - (crédito: Freepik)

Hugo Barreto*

 

Patrícia Daros*

 

Não é novidade que o Brasil tem um imenso potencial para liderar globalmente a transição para uma economia sustentável e resiliente. O governo projeta que o mercado da sociobiodiversidade da Amazônia, atualmente avaliado em US$ 2,5 bilhões anuais, pode atingir US$ 8,1 bilhões até 2050. Esse novo paradigma econômico é impulsionado pela urgência de proteger e recuperar florestas diante dos efeitos da crise climática cada vez mais avassaladores.

Ao longo dos últimos 15 anos, o Fundo Vale tem seguido nessa direção. Criado em maio de 2009 para ser um veículo de investimento privado e voluntário da Vale, o fundo foi estabelecido para promover soluções de impacto econômico e social para proteger e recuperar áreas em biomas ameaçados.

Partimos do princípio de que é preciso reverter a lógica atual que coloca o meio ambiente a serviço da economia para uma nova perspectiva, onde a economia impulsiona a proteção e a recuperação ambiental. Entendemos que a transformação deve ser coletiva, justa e inclusiva.

Passamos a atuar como conectores de ideias, negócios e investimentos. Firmamos parcerias com agentes da sociedade civil, empresas e startups, comunidades tradicionais locais, instituições acadêmicas e científicas, entes públicos, investidores, organizações bilaterais e de cooperação internacional, entre outros.

Por meio desse ecossistema de parcerias, investimos em bioeconomia de diversas formas. Apoiamos negócios que ajudam a manter a floresta em pé e fortalecemos cadeias produtivas em reservas extrativistas. Também promovemos arranjos de negócios inovadores que agregam valor e atraem investimentos aos produtos florestais. Fortalecemos diversas cadeias de valor na Amazônia, como a do pirarucu, da castanha, do açaí, dos óleos, do babaçu e do manejo madeireiro, em 15 áreas protegidas, abrangendo quase 10 milhões de hectares.

Outra frente que priorizamos é a recuperação de áreas na Amazônia e nos demais biomas brasileiros. Comprometidos com a meta da nossa mantenedora de proteger e recuperar 500 mil hectares até 2030, desenvolvemos estratégias para promover negócios agroflorestais e apoiar empreendimentos que visam a recuperação produtiva de áreas em grande escala. Essas iniciativas não apenas ajudam a restaurar ecossistemas, mas também incentivam práticas sustentáveis que recuperam a biodiversidade e geram benefícios socioeconômicos para as comunidades locais.

Ao longo desses 15 anos, fortalecemos nossa estratégia de alocação de recursos e definimos que o nosso capital deve ser paciente, catalítico e flexível. Aportamos e destravamos capital financeiro, assumindo riscos e promovendo arranjos e instrumentos inovadores. Catalisamos investimentos mistos, combinando recursos filantrópicos, privados e públicos. Dessa forma, fomentamos negócios de impacto socioambiental positivo nas agendas de biodiversidade, floresta e clima, permitindo que eles alcancem autonomia e escala, e que o capital inicial retorne para ser reinvestido, gerando um ciclo virtuoso.

Nesses 15 anos, expandimos nossos investimentos também para o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica e ajudamos a recuperar mais de 13 mil hectares por meio de sistemas sustentáveis. Ao longo da nossa trajetória, investimos um total de R$ 360 milhões, apoiamos 340 empreendimentos de impacto socioambiental e 120 iniciativas, por meio de mais de 40 parceiros (organizações dinamizadoras, organizações da sociedade civil, fundos de investimento entre outros).

Olhar para esses números é muito gratificante. Eles simbolizam a semeadura do futuro que estamos construindo nos nossos biomas e comunidades que neles vivem. Seguiremos em frente com a certeza de que a sustentabilidade é a única via possível, que é preciso acreditar no novo, que a transformação é coletiva e que, mais do que gerar negócios sustentáveis, estamos impactando vidas. As nossas e as que ainda vão nascer.

 * Diretor-presidente do Fundo Vale e diretora-executiva do Fundo Vale

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postado em 05/06/2024 06:08 / atualizado em 05/06/2024 11:30
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