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Visão do Correio: Ninguém está acima da lei nos EUA

Em uma eleição apertada, em que a democracia norte-americana é mais segura nas mãos de Biden do que nas de Trump, uma queda provocada pela condenação pode fazer a diferença e decidir a eleição

 NEW YORK, NEW YORK - MAY 30: Former U.S. President Donald Trump arrives to court for his hush money trial at Manhattan Criminal Court on May 30, 2024 in New York City. Judge Juan Merchan gave the jury instructions, and deliberations are entering their second day. The former president faces 34 felony counts of falsifying business records in the first of his criminal cases to go to trial.   Justin Lane - Pool/Getty Images/AFP (Photo by POOL / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
       -  (crédito: AFP)
NEW YORK, NEW YORK - MAY 30: Former U.S. President Donald Trump arrives to court for his hush money trial at Manhattan Criminal Court on May 30, 2024 in New York City. Judge Juan Merchan gave the jury instructions, and deliberations are entering their second day. The former president faces 34 felony counts of falsifying business records in the first of his criminal cases to go to trial. Justin Lane - Pool/Getty Images/AFP (Photo by POOL / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - (crédito: AFP)

A condenação criminal de Donald Trump pela Justiça novaiorquina não afasta o ex-presidente da disputa contra Joe Biden, cuja reeleição à Presidência dos Estados Unidos nem de longe está garantida. Mas é um fato muito relevante na política norte-americana e mundial. Mostra que ninguém está acima da lei nos Estados Unidos, como, aliás, disse Biden, ao comentar as acusações feitas por Trump de que o julgamento teria sido manipulado para beneficiá-lo.

Trump é o primeiro ex-presidente dos EUA a ser considerado culpado por um crime e condenado. A sentença final ainda não foi proferida pelo juiz encarregado do caso, mas pode, inclusive, levar o ex-presidente para atrás das grades, apesar de ser réu primário e ter mais de 70 anos, em razão da aplicação de leis estaduais e federais sobre fraude e financiamento de campanha.

A principal causa da condenação foi o pagamento secreto à ex-atriz pornô Stormy Daniel, antes das eleições presidenciais de 2016, para que não revelasse o caso que mantiveram, num rol de mais de 30 acusações. Trump deve recorrer da decisão, mas o assunto já esquenta o debate eleitoral norte-americano, que pode ter um candidato em uma situação inédita: fazer a campanha de dentro da cadeia.

Não existe nada parecido na história dos Estados Unidos. Trump ainda pode ser impedido de disputar a eleição se for comprovado seu envolvimento direto na tentativa de impedir a posse de Biden por ocasião da invasão do Capitólio. Ambos estão empatados nas pesquisas, mas pode ser que a decisão do tribunal de júri de Nova York mude a opinião de muitos eleitores.

Como sempre, o ex-presidente se diz vítima de perseguição. E tenta sensibilizar o eleitorado em torno disso. Nas primárias republicanas, porém, um percentual de eleitores na casa dos dois dígitos disse que não votaria no ex-presidente se ele fosse condenado por um crime.

Foi o caso dos eleitores republicanos de Carolina do Norte: 32% pensam que Trump não estaria apto à Presidência se fosse condenado. Em abril, pesquisas da Ipson e da ABC News também mostraram que 16% dos que apoiam Trump reconsiderariam o seu voto em tal situação.

Outros três processos criminais contra Trump, envolvendo as suas tentativas de anular as eleições presidenciais de 2020 e o tratamento de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca, ainda estão em andamento. Entretanto, não há prazo para os julgamentos.

Por ora, Trump se beneficia do fato de que a maioria dos eleitores norte-americanos tem outras preocupações. E são temas que desgastam a imagem do presidente Biden: a inflação, a situação das fronteiras, a concorrência da China, o conflito com o presidente russo Vladimir Putin, as guerras da Ucrânia e de Gaza.

Entretanto, numa eleição apertada, em que a democracia norte-americana é mais segura nas mãos de Biden do que nas de Trump, uma queda provocada pela condenação pode fazer a diferença e decidir a eleição. 

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postado em 01/06/2024 06:00
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