Erasmo Carlos, um dos criadores da Jovem Guarda, ao lado de Roberto Carlos e Wanderléa, viria a ser referência do rock nacional. Ele foi um dos representantes brasileiros desse gênero musical no primeiro e histórico Festival Rock in Rio, o de 1985— aquele em que todos que lá estiveram, festejaram a chegada de um novo tempo, após duas décadas de ditadura militar.
Aos 81 anos, em 22 de novembro de 2022, o cantor e compositor carioca partiu para outra dimensão, e deixou um precioso legado para a cultura popular do país, registrado em 30 discos, além das parcerias com Roberto. Agora, ele é reverenciado no álbum Erasmo Esteves, que a gravadora Som Livre fez chegar às plataformas digitais na última sexta-feira.
Produzido por Pupillo e Marcus Preto, a concepção do CD, dividida, também, pelo Erasmo e o filho dele Léo Esteves, contou no esboço com uma série de cadernos, manuscritos, poemas, rascunhos e anotações pessoais do homenageado. Esse material foi o ponto de partida de algumas das composições registradas no repertório.
O projeto teve início em 2022, logo após o Tremendão conquistar o Grammy Latino pelo CD O futuro pertence à ... Jovem Guarda. A cerimônia ainda ocorria em Las Vegas quando ele ligou, em chamada de vídeo, para Marcus Preto do hospital onde estava internado, no Rio de Janeiro.
Durante a conversa, além de comemorar a conquista, propôs a produção de um novo trabalho. Reverente, Preto obedeceu. O CD tem como objetivo reverenciar o legado e a memória musical do Gigante Gentil, mas também juntar as décadas de 1960 e 2020, além de reunir artistas das novas gerações para apresentar Erasmo além da Jovem Guarda.
A ideia ganhou vida nas vozes de artistas que imprimem o atual cenário do cancioneiro nacional. O CD traz caprichada pesquisa visual, realizada por Léo Esteves, filho do Tremendão, que também participou da produção. Esse material conta com uma série de cadernos, manuscritos, poemas, desenhos, rascunhos, letras, e anotações pessoais do homenageado.
Complementam a pesquisa e o resgate da memória do compositor, fitas cassetes com pedaços de canções inéditas, ideias melódicas e harmônicas — material digitalizado pelo especialista Marcelo Fróes. Formam o time responsável por finalizar as canções artistas que têm familiaridade com a obra do homenageado: Roberta Campos, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Paulo Miklos, Tim Bernardes, Teago Oliveira e Tim Bernardes. Roberta Campos é a única a assinar com Erasmo duas canções: Assim te vejo em paz e Narinha, dedicada à mulher e mãe dos seus filhos. Nando Reis é parceiro em Que assim seja, enquanto Arnaldo Antunes fez a letra de Dane-se, interpretada por Russo Passapusso, do Baianasystem, Ainda no domínio Titã, Paulo Miklos escreveu Na memória dos caras tortas.
Outros parceiros de Erasmo em músicas do acervo deixado por ele são Tim Bernardes (Minha bonita primavera de Praga); Teago Oliveira (Não existe saudade no Cosmos). São apenas do compositor, Esquisitices e Menina da felicidade. As canções são interpretadas por Arnaldo Antunes, Nando Reis, Paulo Miklos, Emicida, Teago Oliveira, Russo Passapusso, Roberta Campos, Emicida, Tim Bernardes, Rubel, Chico Chico, Jota Pê, Marina Sena e Xênia França.
Surge como destaque no Erasmo Esteves, canção-título,derivada de um texto autobiográfico intitulado Tijuca Maluca, no qual ele narra a infância e a adolescência vividas no bairro, onde conviveu com Roberto Carlos, Jorge Ben e Tim Maia. Um clipe da faixa vai narrar a história e a vida do artista na Zona Norte carioca, onde se formou como homem e artista.