TRAGÉDIA NO SUL

Análise: evitar o êxodo da população é um dos desafios no Rio Grande do Sul

Reter e atrair mais pessoas já era um desafio-chave para os entes públicos, dado o perfil demográfico do Rio Grande do Sul; agora será ainda maior

Estação de trem destruída no centro de Porto Alegre, depois das fortes chuvas que atingiram a capital gaúcha em maio -  (crédito: Reprodução/redes sociais)
Estação de trem destruída no centro de Porto Alegre, depois das fortes chuvas que atingiram a capital gaúcha em maio - (crédito: Reprodução/redes sociais)

Maio de 2024 tem hoje o seu epílogo. Um mês que entrou para a história do Brasil e, principalmente, do Rio Grande do Sul. Afinal, ruas permanecem alagadas há mais de 30 dias na capital gaúcha. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram cenas inacreditáveis em uma Porto Alegre urbanizada, bem diferente daquela atingida pela enchente de 1941. Temos visto jacarés nadando nas ruas e garças pegando peixes em uma das principais avenidas da cidade.

Pelo que indica a previsão do tempo, os próximos dias serão de muito sol, sem risco de chuvas fortes, o que é um alento para o povo gaúcho. Com isso, o recuo das águas do Guaíba vai permitir perceber o tamanho do prejuízo deixado pela maior enchente da história. Três estações de trens urbanos, por exemplo, estão destruídas e só vão abrir para o público novamente em 2025. O aeroporto Salgado Filho, o maior da Região Sul, ficará com as operações suspensas pelo menos até a segunda semana de agosto. Ruas esburacadas com o asfalto destruído pela força das águas são realidade na maioria dos bairros. É fato que a mobilidade urbana ficará comprometida por um bom tempo.

Assim, reconstrução será a palavra de ordem a partir de agora. E os entes públicos estarão diante de um grande desafio: evitar o êxodo em massa da população para outras regiões do país. Ao analisarmos os dados do IBGE, percebemos que o Rio Grande do Sul teve o menor crescimento populacional do país nas últimas duas décadas. Além disso, houve saldo migratório negativo de 700 mil pessoas. Com baixos percentuais de emigrantes, o estado vê muita gente saindo para tentar a vida em outras unidades da Federação. O resultado dessa conta é a menor taxa líquida migratória fora do Nordeste brasileiro.

A esse cenário se soma a tragédia climática. Cidades na região do Vale Taquari estão devastadas e milhares de famílias seguem desabrigadas. É preciso dar estímulos para que os moradores possam recomeçar a vida no local, em uma área segura nos municípios atingidos. Se reter e atrair mais pessoas já era um desafio-chave, dado o perfil demográfico do Rio Grande do Sul, a decisão de ir embora pode tornar ainda mais dolorosa a missão de reerguer o estado.

A união de esforços dos governos local e federal, da sociedade civil e do setor privado será fundamental para garantir um futuro promissor ao povo gaúcho. As inundações de 2024 lançaram o alerta sobre os perigos das mudanças climáticas e a necessidade urgente de adaptação. O Rio Grande do Sul, como outras regiões do Brasil e do mundo, precisa investir em medidas de mitigação e prevenção para reduzir os impactos cada vez mais frequentes e severos dos eventos climáticos extremos.

 


Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 31/05/2024 06:00 / atualizado em 31/05/2024 09:31
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação