Ele só teve o direito de viver até os 9 anos. E, mesmo assim, a curta existência foi praticamente de medo e dor. Um menino apenas submetido a um profundo sofrimento, suportando as nefastas consequências de ser odiado pela própria mãe. Essa mulher abjeta, que pertence ao esgoto da humanidade, o torturou ao máximo, até levar a cabo a perversidade final.
Amanhã faz cinco anos que Rhuan Maycon foi brutalmente assassinado, em um dos crimes mais bárbaros da história deste país. O garotinho descrito como calado e quieto foi esfaqueado até a morte, na noite de 31 de maio, em Samambaia. O primeiro golpe, desferido enquanto ele dormia. Seguiram-se outros. Foi degolado ainda vivo. A mãe e a companheira dela esquartejaram o corpo e queimaram algumas partes. O horror completo.
Rhuan foi retirado do convívio do restante da família quando tinha 4 anos. O pai detinha a guarda, mas a mãe e a comparsa fugiram com ele do Acre. E transformaram a vida do menino num suplício, com rotina de abusos físicos e psicológicos.
Um ano antes do homicídio, as duas cometeram uma outra atrocidade. Cortaram o pênis e os testículos de Rhuan, em uma "cirurgia" caseira. Ele não recebeu tratamento nem teve acesso a um médico. Por causa da mutilação, a urina só saía sob pressão, por um pequeno canal, e provocava dores lancinantes. A tudo essa criança aguentou em silêncio, em seu mundo solitário, sem ter a quem recorrer, a quem pedir socorro. Totalmente indefesa.
A história de Rhuan, a intensa e longa duração do martírio que sofreu e o assassinato cruel não podem ser esquecidos jamais. Em respeito a ele e a todos os inocentes que padecem diariamente neste país. Somos uma nação em que os direitos de meninos e meninas são desrespeitados rotineiramente. Não há políticas públicas efetivas para protegê-los, não há uma mobilização da sociedade. Um caso de violência sucede o outro, e persiste a inércia criminosa. O Brasil continua a ser um país cruel para crianças e adolescentes.
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