Música

Artigo: Canções em vinil

Provavelmente, de olho nos colecionadores e nas novas gerações que têm na música popular brasileira algo que lhes traz prazer

Tom Zé é atração do Ferrock na Praça do Trabalhador -  (crédito: Divulgação)
Tom Zé é atração do Ferrock na Praça do Trabalhador - (crédito: Divulgação)

Há algum tempo, gravadoras e selos vêm lançando, em outros formatos e nas plataformas digitais, discos de seus acervos que tornaram-se icônicos. Isso, provavelmente, de olho nos colecionadores e nas novas gerações que têm na música popular brasileira algo que lhes traz prazer.

Pelo selo Sesc, acaba de sair em vinil Língua brasileira de Tom Zé. Lançado, em CD e digitalmente, há dois anos. Traz, além de um encarte com letras das canções, textos de Danilo Santos de Miranda e do próprio artista. Inicialmente, o álbum será comercializado, exclusivamente, na loja virtual da instituição.O álbum recebeu o mesmo nome do espetáculo teatral, encenado em janeiro de 2022, no Sesc Consolação, em São Paulo, fruto de parceria entre o cantor e o diretor teatral Felipe Hirsch, que também assina a direção artística. A produção musical é de Daniel Ganjaman e Daniel Maia.

Baiano de Irará, Antônio José Santana Martins, o Tom Zé, aos 85 anos, é um dos compositores e arranjadores mais importantes da MPB, desde a década de 1960, quando, ao lado de Caetano Veloso e Gilberto Gil, foi um dos criadores da Tropicália. Duas décadas depois, teve a obra reverenciada e levada para os Estados Unidos por David Byrne, ex-Talking Heads.

Outro álbum que ganhou edição em vinil é o Pedaços, de Simone, que a Philips (hoje Universal Music) mandou para o mercado em 1979. Com ele a cantora conquistou seu primeiro disco de ouro. O repertório taz canções,que se tornaram clássicos, como Sob medida (Chico Buarque), Tô voltando (Maurício Tapajós e Paulo Sérgio Pinheiro), Povo da raça Brasil (Milton Nascimento e Fernando Brant), além de Começar de novo (Ivan Lins e Vitor Martins) — tema abertura da série Malu Mulher na TV Globo.

Tem mais: Nosso samba tá na rua, LP de Beth Carvalho, de 2011, fruto da parceria do selo Andança e da Universal, reverencia a cantora carioca que completaria 78 anos neste mês. Com arranjos de Rildo Hora, o disco reúne 15 faixas, entre elas Arrasta a sandália (Luana Carvalho e Dayse do Banjo), Pedaço de mim (Chico Buarque) e Em cada canto uma esperança, de Dona Ivone Lara, reverenciada nesse trabalho.

Por meio desse projeto, Beth homenageou o grupo Fundo de Quintal e exaltou a a negritude em músicas como Negro sim sinhô (Efson, Marquinho PQD e Franco) e Samba mestiço (Ciraninho, Rafael dos Santos e Leandro Fregonesi). Um dos versos desta última diz: "O samba mestiço/ Que nem o meu sangue brasileiro/ Retrato de um povo guerreiro/ Que não cansa de lutar".

Historicamente, a primeira música que ganhou registro em vinil foi Pelo telefone, composta por Donga e gravada, em 27 de novembro de 1916, na Casa Edison pelo selo Odeon Records, em 78 rotações.Trecho da letra diz: "O chefe da Polícia pelo telefone manda avisar/ Que na Carioca tem uma e roleta para se jogar...".

O maxixe era ouvido no terreiro de candomblé da babalorixá baiana Hilária Batista de Almeida, apelidada de Tia Ciata, localizada nas adjacências da Praça 11, centro do Rio de Janeiro. O lugar, chamado de Pequena África, era frequentado por Donga, Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Sinhô e Pixinguinha, que viriam a ser precursores do samba. Autor do choro Carinhoso, Pixinguinha viria a ser considerado o criador da música popular brasileira.

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postado em 14/05/2024 06:00 / atualizado em 14/05/2024 07:10
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