Análise

Artigo: Arte, cidadania e democracia em língua portuguesa

A exposição Arte no Jardim apresenta, pela primeira vez no Brasil, uma mostra de 11 obras de artistas portugueses e brasileiros que refletem sobre causas e emoções que subjazem à Revolução dos Cravos.

Embaixada de Portugal -  (crédito: Embaixada de Portugal/Divulgação )
Embaixada de Portugal - (crédito: Embaixada de Portugal/Divulgação )

Dois mil e vinte e quatro é um ano especial de comemorações em Portugal. Dos 50 anos da Revolução dos Cravos aos 500 anos do nascimento do grande Poeta Luís Vaz de Camões, passando pelos 100 anos do nascimento de Mário Soares, considerado o pai da democracia portuguesa, e pelos cinco anos da aprovação, pelas Nações Unidas, do Dia Mundial da Língua Portuguesa, há muito que comemorar este ano!

O Brasil, país com o qual Portugal mantém uma relação em que o passado conta, o presente é de excelência e o futuro se anuncia auspicioso, será, este ano, o palco de um acontecimento inédito que irá certamente agradar ao público por meio de uma viagem no tempo que junta arte, cidadania e democracia nos jardins da belíssima embaixada de Portugal na capital federal.

Realizada em parceria com o Centro de Arte Moderna Gulbenkian, de Lisboa, e com o Instituto Camões em Brasília, a exposição Arte no Jardim apresenta, pela primeira vez no Brasil, uma mostra de 11 obras de artistas portugueses e brasileiros que refletem sobre causas e emoções que subjazem à Revolução dos Cravos.

A mostra tem início no interior da embaixada e expande-se pelos jardins, num convite a uma caminhada onde poderemos descobrir, em três movimentos, as tensões que marcaram uma longeva ditadura de 48 anos em Portugal, o desenrolar do dia 25 de abril de 1974 e os resultados e as aspirações do novo regime democrático.

Há 50 anos, o vento bafiento que contaminava Portugal e as colônias na África transformou-se em uma brisa fresca, que se espalhou e levou à rua, com o perfume dos cravos vermelhos que simbolizaram a estrada para a liberdade, milhares de pessoas que, finalmente, poderiam respirar sem ter medo de dizer o que pensavam.

É esse legado que importa sempre: preservar e lembrar. E é nesse contexto, por meio da arte aqui claramente associada aos valores da cidadania e da democracia em língua portuguesa, que, a partir desta semana até outubro, a Embaixada de Portugal no Brasil oferece a todos uma pequena contribuição para que essa memória permaneça e sirva de exemplo às novas gerações, mantendo vivo o espírito de abril.

É fundamental que todos valorizemos a liberdade e a democracia. Há dias, convidado para um jantar em que nos deu a honra de comparecer, na residência oficial em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou da importância da Revolução dos Cravos para os movimentos democráticos no mundo e no amor do Brasil por Portugal.

Também Portugal ama o Brasil. E a Exposição Arte no jardim é uma das expressões desse sentimento mútuo, em que artistas portugueses e brasileiros dialogam sobre valores essenciais para as nossas sociedades e convidam para, juntos, celebrarmos abril sempre.

Assim, se cumpre um dos eventos mais relevantes da programação e da ação cultural externa de Portugal para 2024, sob a coordenação do Camões — Instituto da Cooperação e da Língua. Assim se celebra, também, a língua portuguesa, que está cada vez mais viva e diversa e que será, esperemos, um dia não muito longínquo, língua oficial das Nações Unidas.

Luís Faro Ramos é embaixador de Portugal no Brasil.

 

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postado em 06/05/2024 05:00
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