A pouco mais de um mês e meio para o início do inverno, o Brasil registra números determinantes para uma campanha mais incisiva contra a gripe. Mesmo com a decisão do Ministério da Saúde de antecipar o início da vacinação de abril e maio para março nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, a aderência à vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é incipiente, não chegando a um terço da população-alvo.
Números da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), de 30 de abril, mostram que foram aplicadas 17,95 milhões de doses da vacina contra a gripe este ano em todo o Brasil, de um total esperado de 75,81 milhões de pessoas. Isso corresponde a uma cobertura vacinal de 26,78%, muito aquém da expectativa das autoridades em saúde, que previam algo superior a 90% de imunização, especialmente entre os grupos prioritários, porcentagem que fica cada vez mais difícil de ser alcançada a considerar-se os números atuais.
Essa distância também é verificada nos estados. Apenas cinco deles, nesta ordem, ultrapassaram a marca de 1 milhão de doses aplicadas: São Paulo (4,27 milhões), Minas Gerais (2,17 milhões), Rio Grande do Sul (1,58 milhão), Rio de Janeiro (1,53 milhão) e Paraná (1,04 milhão). Nas últimas posições estão o Mato Grosso do Sul (193 mil) e o Distrito Federal (170 mil), também pela menor distribuição territorial.
Na quarta-feira, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação da vacinação contra o vírus influenza para todas as pessoas acima de 6 meses de idade. Anteriormente, a imunização tinha como público-alvo apenas os grupos prioritários, como idosos, gestantes, trabalhadores da saúde, crianças até seis anos e povos indígenas. Em contrapartida, ontem a Fiocruz divulgou a nova edição do Boletim InfoGripe, levando em conta o período de 21 a 27 de abril. Segundo o levantamento, a maior circulação do vírus sincicial respiratório (VSR) tem gerado um aumento expressivo da incidência e mortalidade de crianças de até 2 anos de idade com a síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Outros vírus respiratórios que se mantêm com alta incidência na população infantil são o Sars-CoV-2 (covid-19) e o rinovírus.
Repetidas vezes os agentes de saúde nas instâncias federal, estadual e municipal têm insistido que a vacinação com a dose trivalente oferecida pelo SUS é a melhor forma de prevenção contra influenza B e os outros dois vírus — H1N1 e H3N2 —, evitando assim surtos de gripe nas estações mais frias (outono e inverno), além de complicações e internações hospitalares, no caso de infecção, ou até mesmo morte, mais frequente entre os grupos prioritários.
Mesmo com a ampliação da cobertura, agora sem distinção de faixas etárias, é difícil acreditar que os números da cobertura cresçam a ponto de se aproximar do que é esperado (90%) até o fim da campanha deste ano, prevista para 31 de maio. Um triste cenário para um país como o Brasil, que já foi apontado como modelo para o mundo em termos de cobertura vacinal.
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