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Movimento de Lula agrada ao Congresso

Duas manifestações do petista — no lançamento de um programa no Planalto, na segunda, e no encontro ontem com jornalistas — foram comentadas no retorno de deputados e senadores aos trabalhos nesta semana

Dois movimentos do presidente Lula nesta semana agradaram em cheio à base do governo no Congresso Nacional, dos aliados históricos aos de ocasião, como o Centrão. Duas manifestações do petista — no lançamento de um programa no Planalto, na segunda, e no encontro ontem com jornalistas — foram comentadas no retorno de deputados e senadores aos trabalhos nesta semana.

O puxão de orelha, a seu modo, nos seus ministros, e até no vice-presidente, Geraldo Alckmin, foi música para os ouvidos dos parlamentares que adoram emendas. Ao determinar que seus auxiliares entrem mais em campo e atendam ao apetite desse pessoal é boa notícia. Para eles. "Isso significa que o Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad, em vez de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington (Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social), o Rui Costa (ministro da Casa Civil), passarem a maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B", disse Lula, na bronca pública.

Deu resultado. Haddad reagiu dizendo que os livros estão em casa e que passa o tempo todo falando com parlamentares; Alckmin se apresentou como o personagem Papa-Léguas e postou: "Lula pediu para acelerar. Pé na tábua". E Rui Costa compareceu ontem à Câmara e se reuniu com o presidente da Casa, Arthur Lira, que tem aversão ao ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), a quem caberia esse papel.

No café da manhã com a imprensa, o presidente da República disse ser obrigação esse atendimento aos parlamentares, que o Executivo é que precisa do Legislativo. E garantiu que a relação com os congressistas vai bem, muito obrigado, e que os atritos recentes são "coisas da política". De quebra, ainda elogiou a oposição a Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas.

Lula ainda lembrou de uma promessa de campanha, não cumprida, da oferta de picanha a preço acessível, para acompanhar uma cervejinha. "Não esqueci. O preço da carne já baixou, mas tem que baixar ainda mais, muito mais. Ou abaixa o preço da comida ou sobe salário do povo", falou Lula aos jornalistas. A postura do presidente também agradou.Foi firme, não titubeou nas respostas e nem escorregou nas palavras. Numa das vezes que falou aos jornalistas, em outro café desse tipo, Lula queimou Fernando Haddad ao se intrometer e dar pitacos sobre a meta fiscal.

Entre os aliados mais aguerridos, Lula teve um de seus melhores desempenhos nesses dois dias e fez a proximidade necessária com o Congresso Nacional, algo que era também cobrado dele por seus líderes. Queriam que ele também entrasse no jogo. A conversa com Lira, cujo conteúdo do diálogo está mantido em sigilo, também foi contabilizada como uma ação importante para desarmar as pautas-bombas, algumas delas, pelo menos, que estavam no horizonte do comandante da Câmara.

Os líderes governistas acreditam até que uma nova fase na relação com o Congresso esteja sendo inaugurada. Não vai fazer milagre, como impedir a derrubada do veto envolvendo o fim das saídas temporárias de presos, as "saidinhas". Os congressistas, nesse projeto, querem endurecer as regras. É aguardar se Lira colocou na gaveta, de fato, seu "pacote da maldade".

 

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