O que te faz forte nessa vida? Que tipo de gente você escolhe ter como referência? Ao envelhecer, quem são as pessoas que te inspiram? O que te faz manter corpo e mente ativos com o passar dos anos? No corre de sempre, você procura responder a essas perguntas? Sabe o que te leva pela mão para ser saudável com o passar do tempo? Eu sei: o exemplo. Escolho pessoas com histórias, com humor, animadas pela arte, pela alegria de continuar pertencendo aos palcos que elegeram para brilhar nesta existência.
Se perguntar a eles por que continuam fazendo o que fazem, eles dirão simplesmente: porque não sei viver de outra forma ou porque é isso o que sempre fiz. Posso dar como exemplos Fernanda Montenegro, Ary Fontoura e José Sarney. Dois artistas de máxima grandeza, o político mais longevo deste país.
Sarney completou na última semana seus 94 anos e abriu as portas de casa para muitos convidados, entre eles muitos políticos de diferentes partidos e correntes ideológicas e autoridades. Suas festas são sempre memoráveis e os cumprimentos duram incontáveis horas.
É uma forma de reverenciar sua própria história, de manter conversas, de estar novamente no palco que escolheu: a política. Mesmo sem exercer funções públicas, atualmente, se mantém ativo e participativo. Não precisava fazer escolhas públicas, mas não se furtou a apoiar um antigo adversário, Lula, nas últimas eleições. E se posicionou contra o bolsonarismo. Repudiou os atos terroristas de 8 de janeiro e defendeu a manutenção do Fundo Constitucional do DF.
Também aos 94 anos, Fernanda Montenegro está em seu palco. Apresenta uma leitura de Simone de Beauvoir. São pequenas temporadas de A cerimônia do adeus, com ingressos esgotados, e segue fantástica, fazendo o que sempre fez. E sobretudo com a alegria de fazer. Integrante da Academia Brasileira de Letras, atriz mais aclamada do Brasil, Fernanda demonstra uma intensa alegria de atuar, de ler, de escrever, de estar no mundo de maneira inteira. Um exemplo maravilhoso para todos nós.
O ator Ary Fontoura, aos 91 anos, surpreende com sua vitalidade. Na pandemia, descobriu-se um influencer da alegria, do humor. Levou para um novo palco, na internet, a sua arte. Afinal, o espetáculo não pode parar. Está no Instagram, nas novelas, nos programas de entrevistas.
Não podemos falar de longevidade sem falar do que nos constitui como seres ativos e viventes. Há pessoas que sobrevivem aos anos e há pessoas que vivem todos eles como se fossem os últimos.
Eu vivo no meu palco, o jornalismo. Por ele, sou capaz de crescer nas adversidades. Quando respiramos um ofício e nos mantemos ativos e de braços dados com ele, estamos fazendo o nosso melhor. Sem esquecer do exercício físico, é claro. Essee nos mantém de pé, enquanto nosso palco nos mantém com fé.
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