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Artigo: Exército: um amigo de longa data

O povo brasileiro sempre contou com o seu Exército para desmontagem das armadilhas conjunturais que se apresentaram desde Guararapes até nossos dias

. -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
. - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Todos os anos, aos 19 de abril, homens e mulheres da Força Terrestre formam nas unidades militares para comemorar o Dia do Exército. A iniciativa de proposição dessa efeméride partiu do ex-ministro do Exército general Zenildo de Lucena, um pernambucano nascido em São Bento do Una que, ao longo de sua carreira, viu nas pelejas da insurreição pernambucana motivos para destacar os feitos dos bravos que guerrearam em seu estado natal e vinculá-los à história do Exército brasileiro.

Instituída na década de 1990, ela reverencia as vitórias das forças luso-nordestinas na Batalha dos Montes Guararapes, ocorrida em 19 de abril de 1648, contra inimigos que aspiravam à consolidação de uma colônia holandesa em território nordestino com o propósito de explorar a riqueza da cana de açúcar.

Brancos, negros, índios e mestiços se uniram para defender as terras nas quais viviam em abundância, em harmonia, em segurança, ainda que sob influência absolutista e mercantilista de nações europeias no período conhecido como união das coroas ibéricas. Os sacrifícios físicos e emocionais daqueles heróis multirraciais marcaram o nascimento da nossa nacionalidade.

Naqueles rincões, por primeira vez, o povo de nossa terra conheceu o significado de Pátria — gente, com valores, cultura, língua, vivendo na mesma região, com mesmos ideais e desejos de alcançar prosperidade com paz e bem-estar sociais.

Desde então, o sentimento de brasilidade se fortaleceu, ajudando-nos a enfrentar múltiplos desafios, como a expansão e a integração territorial para além do limite do tratado de Tordesilhas e a luta pela independência tão cara aos inconfidentes mineiros.

Sobrevoando a história do país, identifica-se que o povo brasileiro sempre contou com o seu Exército para desmontagem das armadilhas conjunturais que se apresentaram desde Guararapes até nossos dias, razão pela qual reconhece os esforços passados e presentes dos integrantes do seu Exército, reconhecimento esse certificado pelas inúmeras pesquisas de opinião.

Sabe quão colimados às condicionantes legais, em particular às promulgadas pela Constituição Federal vigente, os seus soldados marcham alinhados em sua proteção. Entende-se que as vocações naturais da Força compreendem, prioritariamente, as missões de defesa da pátria em qualquer coordenada de nosso país e até mesmo em outros sítios do mundo.

Além disso, essas capacidades mostram-se claras nas bordas de nosso território, quando o Exército enfrenta os desafios dos ilícitos transfronteiriços.

Ou, ainda, quando protege e preserva o meio ambiente nos diversos biomas que cobrem nossas terras, um fator de instabilidade das relações internacionais modernas.

No espaço que cabe à antropologia, essas inclinações se mostram transparentes no respeito e na ajuda incondicional que os soldados oferecem aos povos originários. Por fim, revelam-se na cooperação e no apoio a ações subsidiárias, bem como no desenvolvimento sustentado de nossa nação.

O Exército não se põe a serviço de pessoa alguma, partido algum, seita alguma. É uma genuína instituição de Estado, e assim se comporta. Todavia, sejamos realistas. É certo que o mundo se altera freneticamente. As novas tecnologias comunicacionais estimulam esses câmbios. As tradições se adaptam às imposições de momento. As premissas de convívio social se ajustam aos modismos. E, portanto, as seculares instituições foram levadas a adaptar-se ao torvelinho de mudanças.

Contudo, os valores imutáveis do Exército, erigidos por anos de labuta, continuam inquebrantáveis. Por isso o Exército não se preocupa apenas com o imediatismo de agora. Sonha com um futuro que assegure ao povo brasileiro a certeza de que os sobressaltos institucionais tenham ficado no passado, que o poder militar que leva à dissuasão contra investidas a nossa soberania permaneça claro aos antagonistas e que o amadurecimento econômico, tecnológico e psicossocial seja condicionante natural em nossa sociedade.

A propósito, no dia 19 de abril também homenageamos os povos indígenas. É válido recordar os feitos do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, desbravador do oeste brasileiro e protetor reconhecido internacionalmente de nossos irmãos nativos. Disse o militar quando atacado por índios selvagens durante uma expedição nas brenhas da floresta amazônica: "Morrer se preciso for. Matar nunca!". Sua icônica frase ressoa até hoje nas ações de soldados brasileiro em defesa dos povos originários.

Esse é o nosso Exército.

*Otávio Santana do Rêgo Barros, General da reserva. Foi chefe do Centro de Comunicação Social do Exército.

 

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Otávio Santana do Rêgo Barros - Opinião
postado em 18/04/2024 06:00
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