Assunta Camilo Napolitano
O cuidado com o meio ambiente gera debates sobre novas práticas de consumo e conscientização. Foi seguindo essa linha que muitas marcas repensaram os modos de produção e criaram produtos ecológicos. Em cima dessa mudança de comportamento das marcas, a população também foi inundada de novas informações, pela TV, pelos jornais, supermercados e embalagens dos produtos. Mas, afinal de contas, o impacto nas pessoas está mudando a percepção sobre o que é ser ecológico?
O principal comportamento da sociedade que se adéqua ao discurso da hipocrisia do eco é quando as pessoas adotam uma postura de virtude ambiental sem seguir as práticas de sustentabilidade em suas ações no dia a dia. É o caso de consumidores que se envolvem em greenwashing, fazendo alegações falsas ou exageradas sobre seus esforços ambientais enquanto continuam a agir de maneira prejudicial ao meio ambiente. Outro exemplo é quando as pessoas participam de atividades de conscientização ambiental sem implementarem mudanças significativas em seu comportamento diário para reduzir seu impacto ambiental.
A embalagem é um instrumento poderoso para mudar essa realidade na prática, podendo ser usada para promover a educação ambiental, campanhas de conscientização, ou com o uso de tecnologias inovadoras, como aplicativos móveis, plataformas on-line e dispositivos inteligentes para fornecer informações e recursos sobre reciclagem, descarte correto, separação, economia circular, de forma acessível e interativa.
A indústria e os donos de marca têm o poder de educar os consumidores sobre o menor impacto ambiental das embalagens. Pode ser feito por meio de campanhas de conscientização, materiais educacionais em embalagens, websites e mídias sociais, destacando a importância de embalagens de menor impacto ambiental e fornecendo informações sobre como fazer escolhas mais conscientes.
Eles também devem ser transparentes sobre suas práticas de embalagem e fornecer informações claras aos consumidores sobre os materiais utilizados, processos de produção e políticas de sustentabilidade. Isso ajuda os consumidores a tomarem decisões corretas e a entenderem o impacto ambiental de suas escolhas de compra.
Além de os donos de marca ajudarem a mudar essa percepção, é preciso que escolas, universidades e governos promovam a educação ambiental. Esse tema desempenha um papel fundamental na formação de uma consciência ambiental desde cedo e na promoção de comportamentos responsáveis em relação ao meio ambiente. A leitura de livros sobre educação ambiental pode abrir espaço para o diálogo e a conversa entre crianças e seus pais, educadores ou cuidadores. É uma forma de criar oportunidades valiosas para discutir questões ambientais, compartilhar conhecimentos e promover um entendimento mais profundo do mundo natural.
Com educação ambiental atrelada à mudança de comportamento, os consumidores percebem a hipocrisia nas ações das empresas ou indivíduos em relação ao discurso ambiental. Esse debate é importante até mesmo para evitar a prática do greenwashing, quando empresas fazem alegações ambientais enganosas para capitalizar a crescente demanda por produtos e práticas sustentáveis. Isso cria confusão no mercado e torna difícil para os consumidores identificarem empresas verdadeiramente comprometidas.
Para superar esses problemas, é fundamental que os consumidores exijam transparência, responsabilidade e práticas genuínas de empresas e tomem medidas consistentes com suas aspirações ambientais. O Brasil corresponde a 40% do mercado de mais de 7,3 milhões de produtos ambientais adquiridos em 2021. O país se destaca também por estar à frente de seus vizinhos, com 32% mais brasileiros optando por produtos que geram benefícios para o planeta ante o crescimento de 29% na América Latina.
A nova edição do estudo Tendências do Consumo on-line com Impacto Positivo, divulgado pelo Mercado Livre, revela que a população brasileira está atenta ao mercado e quer saber mais sobre ser ecológico, mas faltam ações para levar esse conhecimento adiante. Por meio de educação, livros, pesquisa, divulgação e facilitando a colaboração entre diversos stakeholders, o Instituto de Embalagens ajuda a mitigar a falta de educação ambiental e promover o desenvolvimento de embalagens melhores para um mundo melhor.
Diretora do Instituto de Embalagens*
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