Dois casos recentes no Distrito Federal mostram o nível de intolerância no trânsito presente na capital federal nos tempos atuais. Na manhã de quarta-feira, um motorista teve um ataque de fúria e quebrou os vidros e as lanternas de um carro parado atrás, em um estacionamento no Setor Hoteleiro Sul. Câmeras do circuito interno de segurança registraram a ação.
Na semana passada, um motorista deu ré e arrastou um carro que estava estacionado atrás, trancando a saída do estacionamento de um dos anexos da Câmara dos Deputados. Depois, o veículo, com a lataria amassada por conta da batida, ficou no meio da rua, provocando uma enorme fila no tráfego. Motoristas filmaram a cena.
Tanto o que ocorreu no Setor Hoteleiro quanto na Esplanada dos Ministérios são infrações de trânsito. O Código Brasileiro de Trânsito prevê multa de R$ 130,16, com multa de quatro pontos na carteira e remoção do veículo, ao condutor que estacionar atrás de outro, impedindo a saída. Já quem destruiu está sujeito a indenizar o motorista do carro pelos danos causados.
Em primeiro lugar, não considero correto danificar o patrimônio alheio. O problema é que existe, atualmente, uma espécie de lei do talião dos tempos modernos, por exemplo, pudemos ver nos casos de justiçamento ocorridos no Rio de Janeiro no fim do ano passado. Só que isso é crime e precisa ser denunciado e combatido. A falência do Estado para cuidar do dia a dia não significa liberdade para fazer justiça com as próprias mãos.
Em meados de março, na quadra onde moro na Asa Norte, vivemos uma situação parecida com as ocorridas e relatadas acima. Em uma noite de sexta-feira, um motorista resolveu bloquear a rampa de acesso ao prédio destinada a pessoas com deficiência. Estacionou o carro e foi curtir a balada nos bares ao redor. Ficou lá umas três, quatro horas. O 190 dava constantemente ocupado. Quando conseguimos falar, repassaram ao Detran para o envio de uma equipe. Não chegou até agora.
Não teve nenhum ataque ao veículo. Apenas um morador deixou uma carta no para-brisa do carro, informando sobre a gravidade da situação, o valor da multa e que estava atrapalhando o direito de as pessoas se locomoverem. Já dizia a minha vó Edith: "Respire fundo e conte até 30". Fazer justiça com as próprias mãos é o primeiro passo para perder a razão. E nunca traz o resultado desejado. Só mais dor de cabeça.
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