Durante 35 anos, fui professor da Universidade do estado do Rio de Janeiro. Passei pelas cadeiras de geometria analítica, administração escolar e história e filosofia da educação. Nesta última, fui catedrático, e isso me honrou muito. Aproveitei a experiência adquirida e elaborei, com o apoio da Editora Vozes, um livro sobre essa importante matéria.
Quem gosta de educação há de apreciar o conteúdo dessa obra. Cuida de temas preciosos, como a ética e a filosofia da educação, os principais filósofos gregos, a maiêutica, Aristóteles e o propósito da educação, metafísica, Tomás de Aquino, a suma teológica, antropocentrismo, René Descartes, Rousseau e John Dewey, Gramsci, José de Anchieta, o ensino no século 19, Anísio Teixeira e a fundação da Universidade de Brasília, Carneiro Leão, Júlio de Mesquita, Fernando de Azevedo e a sua grande obra sobre a cultura brasileira, Roquette Pinto, Cecília Meirelles, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pedagogia do oprimido, Paulo Freire, inteligência emocional, a escola do futuro, o ensino da literatura, temas transversais e a cultura da inovação.
Como disse a professora Manoela Ferrari, precisamos prestar mais atenção aos postulados da educação, pois é o futuro do Brasil que está em jogo. Deseja-se a valorização do espírito humano, e, no caso, os cuidados com a educação são fundamentais. A presença da inteligência artificial representa uma forte aliada nesse processo.
Os filósofos da educação são unânimes em afirmar que a educação deveria considerar as realidades do mundo, ao mesmo tempo perguntando qual mundo, uma vez que a realidade é fragmentada. Devemos ser sinceros com o julgamento da presença, na pedagogia, de educadores como Paulo Freire e Anísio Teixeira, para só citar esses exemplos, de autores que são acusados de "esquerdismo", quando o mais justo seria enquadrá-los como pioneiros.
Os mesmos critérios deveriam ser aplicados aos padres jesuítas, nos primórdios da nossa civilização. Os padres não pouparam esforços para aprender, com a maior rapidez possível, a língua do "gentio". Ensinavam a ler a escrever, simultaneamente, com a doutrina cristã. E, assim, nasceram os primeiros colégios. É a história que o livro procura desvendar.
A educação pode ser um instrumento poderoso tanto de emancipação individual como de subserviência ao sistema de governo. Tanto é libertação como sujeição do indivíduo ao poder e às normas do Estado. No primeiro caso, torna o indivíduo reflexivo e crítico; no segundo, transforma-o em parte da massa. A educação é uma experiência própria ou o resultado de experiência doutrinária e da propaganda.
De um modo ou de outro, a educação envolve considerações éticas, epistemológicas e até mesmo metafísicas. As primeiras referem-se ao processo educacional em seu conjunto social ou político e em suas dimensões religiosas e morais. Quando se fala de motivação da aprendizagem ou dos objetivos da educação, fala-se de problemas éticos ou de valor. Ou ainda, trata-se de filosofia prescritiva, porque vai estabelecer padrões capazes de aferir valores ou julgar comportamentos.
Arnaldo Niskier
Membro da Academia Brasileira de Letras e presidente emérito do CIEE/RJ
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