LEITURA

Os desafios para estimular a leitura

Celebrar a democracia remoendo esses passados nefastos — de 1964 e do 8 de janeiro — é necessário para valer a máxima de "lembrar para que nunca mais aconteça"

O Brasil ainda precisa avançar mais para que as crianças consigam apresentar desempenho satisfatório na leitura -  (crédito: José Carlos Vieira/EM/D.A Press)
O Brasil ainda precisa avançar mais para que as crianças consigam apresentar desempenho satisfatório na leitura - (crédito: José Carlos Vieira/EM/D.A Press)

Neste mês, uma referência importante para a formação do país é celebrada: no próximo dia 18, o Brasil comemora o Dia Nacional do Livro Infantil. A data foi escolhida porque, em 1882, nasceu o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira.

A homenagem ao trabalho do autor traz à tona a importância do tema. A leitura como incentivo à educação tem que estar sempre em debate não apenas no campo do ensino, mas também pensando o crescimento em diversos aspectos. A prática de ler ajuda no desenvolvimento emocional, social e cultural nos primeiros anos de vida. Além disso, é fundamental lembrar que está diretamente ligada ao processo de alfabetização.

O entendimento de que a leitura na educação básica — do ensino infantil ao médio — é um bem universal deve nortear políticas públicas e figurar entre os princípios da sociedade. Mas questões históricas são barreiras a serem ultrapassadas no país. A fragilidade na formação educacional, que inclui a falta de professores, material didático desatualizado e má gestão dos recursos afeta, há décadas as escolas.

O Brasil ainda precisa avançar mais para que as crianças consigam apresentar desempenho satisfatório na leitura. Essa condição compromete a sequência do percurso de estudos do cidadão. Pesquisa recente encomendada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) mostrou que 84% dos brasileiros acima de 18 anos de idade não haviam comprado livros nos últimos 12 meses. Fatores como falta de tempo e os preços foram apontados como causas para a distância da leitura, mas o gosto que se deve criar desde a formação do indivíduo é um ponto também a ser considerado.

A pandemia do novo coronavírus, com o fechamento dos espaços educacionais, tirou as crianças das creches e das pré-escolas, esta última considerada uma etapa fundamental para auxiliar no processo de alfabetização e de leitura de livros. Diante desse cenário, em junho de 2023 o governo federal lançou o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, em regime de colaboração entre União, estados, Distrito Federal e municípios. O objetivo é garantir que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao fim do 2° ano do Ensino Fundamental, além de recompor as aprendizagens de estudantes das séries seguintes, prejudicadas pelo isolamento imposto pela covid-19.

Mais recentemente, o programa Pé-de-Meia oferece incentivo financeiro a estudantes do Ensino Médio de colégios públicos para estimular a permanência e a conclusão dos estudos, além da participação em exames educacionais nacionais e subnacionais.

Esforços conjuntos e que atinjam desde as primeiras até as mais avançadas etapas da educação precisam ser constantes e dinâmicos, levando em consideração as carências e as necessidades da população. O ensino é essencial para o desenvolvimento da nação, e a leitura abre as portas para um universo infinito de possibilidades. A educação é a mola mestra do crescimento individual e coletivo. Os desafios são inúmeros, mas precisam ser enfrentados no dia a dia — dentro das salas de aula e dos gabinetes políticos.

 


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postado em 08/04/2024 06:01
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