MARCO SCHIEWE*
Há mais de 40 anos, o tema da eficiência energética tem ganhado espaço nas políticas nacionais e internacionais. A ideia de que a redução do consumo de energia deve ser inserida nas estratégias governamentais teve seu surgimento durante a crise do preço do petróleo em 1973. Naquela época, a diminuição da demanda de energia era vista como uma abordagem vital para garantir maior segurança energética em diversos países.
Hoje, a otimização da energia começa a ser vista pelos governos também como medida essencial para enfrentar a crise climática. Na Alemanha, a Lei de Eficiência Energética, que entrou em vigor em setembro de 2023, visa reduzir o consumo de energia em 26,5% até 2030 e em 45% até 2045. Na COP28 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), realizada poucos meses depois, 45 países da África, Américas, Ásia e Europa endossaram a meta de duplicar a eficiência energética até 2030, juntamente com o objetivo de triplicar a capacidade de geração de energia renovável.
Estimativas da Agência Internacional de Energia indicam que os investimentos em eficiência energética podem contribuir com uma redução de cerca de 35% das emissões acumuladas de CO2, auxiliando no cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. Além disso, na transição para uma economia de baixo carbono, a eficiência energética ajuda a reduzir a intensidade energética das atividades econômicas e a aumentar a segurança energética do país.
A implementação de medidas de redução de consumo de energia na indústria representa uma resposta inteligente aos desafios ambientais e ganha ainda mais valor ao oferecer oportunidades econômicas significativas. Segundo estudos do Programa de Investimentos Transformadores de Eficiência Energética na Indústria (PotencializEE), por meio de políticas públicas que incentivem a adoção de tecnologias mais sustentáveis para a produção industrial, é possível economizar pelo menos R$ 10 bilhões até 2050.
Fruto de uma ação de cooperação Brasi-Alemanha, liderado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e coordenado pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), o programa PotencializEE passou a integrar o plano Nova Indústria Brasil, recentemente lançado pelo MDIC. Seu propósito é promover eficiência energética em pequenas e médias indústrias por meio de assistência técnica e financeira, uma medida essencial para o alcance da meta de redução de 30% das emissões de gases de efeito estufa no setor industrial brasileiro até 2033, conforme preconiza uma das missões do governo para o setor industrial. O programa já atendeu mais de 360 empresas no estado de São Paulo e projeta mitigar a emissão de 1,1 MtCO² e (milhão de toneladas de CO² equivalentes).
A busca por eficiência energética resulta em uma série de impactos positivos, delineando uma transformação significativa no setor produtivo. É o ponto de partida essencial para a descarbonização da economia, mas também constitui uma ponte fundamental entre benefícios ambientais e oportunidades econômicas. Isso reforça seu papel central nas agendas governamentais e corporativas voltadas para a sustentabilidade e a resiliência energética para um futuro mais sustentável.
Nesse cenário, é fundamental que os governos continuem a promover políticas que incentivem e apoiem práticas eficientes de energia. Investir em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias mais eficientes, bem como implementar regulamentações que promovam a eficiência energética, são passos essenciais para atingir as metas estabelecidas nos acordos internacionais.
*Diretor do Programa PotencializEE pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ)
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