Nesta Semana de Mobilização Nacional para Busca e Defesa da Criança Desaparecida, me vem à mente, como símbolo desse drama, o caso do menino João Rafael Kovalski. Já se passaram mais de 10 anos, sem nenhum avanço nas investigações sobre o paradeiro dele. A mãe, Lorena Cristina, juntou a dor com a determinação de jamais desistir da busca. "Eu acredito que ele está em algum lugar, ou com alguém. Acredito que vou ter uma resposta, porque eu não paro de lutar", afirmou, em entrevista à RIC TV.
Em 24 de agosto de 2013, cinco dias antes de completar 2 anos, João Rafael desapareceu enquanto brincava no quintal de casa, em Adrianópolis, no Paraná. A hipótese inicial era de que ele teria caído no rio que passa praticamente nos fundos da residência. As intensas buscas, feitas, inclusive, por parentes e amigos, não deram em nada. Os pais não têm dúvidas de que foi sequestro, e reclamam da condução da investigação.
À procura de uma solução, a família mantém uma página no Facebook — Todos juntos por João Rafael Kovalski —, na qual compartilham fotos e vídeos do garoto, mandam mensagens para ele, fazem declarações de amor, desejam Feliz Natal, dão os parabéns a cada aniversário. As postagens da mãe são de impactar a alma: "O que houve com você, meu filho, onde está o meu amor? Saudade, muita saudade. Isso dói, como dói, Jesus"; "eu imploro de joelho, pelo amor de Deus, devolvam João Rafael". Lorena conta que a irmã gêmea do menino, Poliana, não consegue comemorar o aniversário, porque se lembra dele.
O sofrimento dessa família se repete em outros lares país afora. A agonia de não ter uma resposta, de não saber se suas crianças ou adolescentes estão vivos, se são bem tratados, se estão saudáveis e felizes. Questões que martirizam, atormentam. Eles podem ter sido levados por quadrilhas para adoção ilegal, trabalho escravo, prostituição e, até mesmo, tráfico de órgãos.
A família de João Rafael é generosa com outras que enfrentam situação semelhante. A página na rede social tem sido usada também para postar ou compartilhar imagens de pessoas desaparecidas, tanto crianças quanto adultos. Uma frase de Lorena resume a solidariedade: "Nós, que temos filhos, entes queridos desaparecidos, sabemos a ferida, a dor, o vazio". São famílias que, apesar de tudo, se unem também na esperança.