Um caso de importunação sexual ocorrido entre Ceilândia e Taguatinga, nesta semana, choca pela violência contra a mulher e pela ausência de limites. Um homem pediu transporte por aplicativo. Uma motorista aceitou a corrida. Ele entrou no carro. Estava com uma latinha de cerveja. Durante a viagem, fez uma proposta à condutora: sexo oral em troca de dinheiro. Ela cobrou respeito. Em seguida, percebeu que o passageiro se masturbava no banco de trás. Desesperada, a vítima alterou o caminho rumo a Samambaia e seguiu para uma delegacia. Os policiais conseguiram prender o acusado em flagrante.
Utilizo o caso acima como exemplo para mostrar que a violência sexual está presente em todos os momentos do dia a dia. Não há hora nem lugar. Custa-me a acreditar que uma pessoa pode achar que sairá impune se constranger sexualmente outra, ainda mais de forma tão agressiva e contundente. Só pode ser a sensação de impunidade, somada ao machismo enraizado na sociedade, que provoca tal comportamento.
É por isso que os casos das condenações de Robinho e Daniel Alves ganham ainda mais importância. A inocência deles não está mais em discussão. Ambos foram considerados culpados por casos de violência sexual na Itália e na Espanha, respectivamente.
Não é novidade que, no mundo do futebol, as festas com mulheres fazem parte da cultura boleira. São relatadas à exaustão em diversas biografias de jogadores famosos. Abro, aqui, parênteses: é papel dos clubes, desde as categorias de base, terem a função social de educar os futuros atletas sobre o que é crime ou não.
Sem contar a mensagem que a condenação de dois ex-jogadores da Seleção Brasileira, com Copa do Mundo no currículo, passa para a sociedade. A lei vale para todos. Dessa forma, me soa muito estranho o silêncio de grande parte dos atores do mundo do futebol. Atletas, treinadores e dirigentes precisam dar opinião, seja em coletivas, seja por meio de redes sociais, sobre os casos Robinho e Daniel Alves. O corporativismo não cabe de forma alguma.
Dessa forma, as declarações de Leila Pereira, presidente do Palmeiras e chefe de delegação da Seleção nesta data-Fifa, são ainda mais importantes. "Um tapa na cara de todas as mulheres", disse, em relação à liberdade condicional concedida a Daniel Alves. Leila tem total razão.