Os sinais estão por toda parte. Fico a me perguntar o porquê de não enxergarmos e sentirmos com todo o coração que estamos nos distanciando dos outros seres humanos, da natureza, da fé e mesmo da razão. Hoje é Domingo de Páscoa, um dia de renascimento de Cristo, que, em outras dimensões, chora nossas tristezas e vibra com nossos momentos de alegria. É dia de respirar o ar denso e retornar o ar puro e leve daquele que renasce. Dia de abrir bem os olhos e fazer o caminho de volta para nos aproximar do que realmente importa nesta existência.
A Páscoa me convida a procurar assimilar, da melhor forma possível, os ensinamentos da Quaresma mais intensa que tive na vida: perdas, lágrimas, traições, reencontros, dores, meditação, orações, descobertas. Não só eu. Afinal, um mundo com guerras sangrentas, em que tantos neste momento sofrem a pior das misérias, que é a humana, não emana boas energias de fato. Não está dando para ser fácil e leve.
A boa notícia é a renovação, possível e necessária. Mas de onde ela vem, se tudo parece igual? Hoje, na Revista do Correio, temos histórias lindas e necessárias, de pessoas que ressignificaram suas dores - como a da oncologista pediatra que teve câncer na infância e hoje cuida de pequenos pacientes ou como o homem, que, na maturidade, transformou o luto da perda dos filhos em força para se reinventar como artista e ainda a jovem que curou a depressão da pandemia entregando-se ao caratê.
Renovação é palavra que exige outra, ainda mais potente: conexão. Sentir-se parte. Da natureza, do planeta, do divino, do outro. O primeiro passo para mudar o estado de espírito é o sentimento de pertencimento, que nos faz querer ficar - na Terra ou no coração de alguém.
Conexão vem do amor e este, do convívio. Pé na terra, banho de chuva, risada alta, comida afetiva, mão na mão, abraço, riso compartilhado, lágrima amparada. Se não é isso que gera em nós a vontade de ficar bem, ser melhor, de se reinventar ou, ao menos, reinventar a vida ao redor, não sei mais o que é.
É com o outro que aprendemos. É com a natureza que pertencemos. É com a fé que nos levantamos. Hoje, não desejo o profundo silêncio e a meditação que nos leva aos momentos mais agudos de reflexão. Hoje quero os meus ao redor da mesa; quero a fé renovada; o ar, abundante e novo. Quero pé no chão, banho de mar (esse vai ficar no pensamento), música boa e gente da melhor qualidade.
Desejo uma feliz Páscoa, meus amigos, com muito amor e conexões sinceras!
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