Por Warley Marcos Nascimento, Chefe-geral da Embrapa Hortaliças e presidente da Associação Brasileira de Horticultura
Nos últimos meses, temos verificado, in locu (e no bolso), o preço elevado das hortaliças na gôndola do supermercado, principal ponto de venda desses produtos no país. O que estamos observando, coincidindo com o verão chuvoso e mais quente, e nos últimos anos cada vez mais intensos devido às mudanças climáticas, é um “aquecimento”, com o perdão do trocadilho, dos preços dos produtos hortícolas.
As variações extremas do clima corroboram com a perda das produtividades nas lavouras e com a qualidade do produto colhido nas oleráceas, espécies bastante suscetíveis quando produzidas em campo aberto (o cultivo protegido em estufas pode mitigar esses efeitos adversos). Nesse caso, a pesquisa realizada pela Embrapa e parceiros pode mitigar os efeitos do clima, resultando, inclusive, em uma produção mais sustentável, com menor utilização de insumos ou agrotóxicos, por exemplo.
A maior incidência de pragas e doenças, nessas condições adversas, também causa prejuízos para os produtores, aumentando o custo de produção e reduzindo o ganho; com isso, o produto, na maioria das vezes, chega ao ponto de venda com o valor mais alto. As mudanças climáticas têm afetado também as épocas de plantio e, consequentemente, a época de colheita dessas hortaliças; ainda, mudanças nos locais de produção (felizmente, em um país continental, podemos “nos dar ao luxo” de produzir nas diferentes regiões e nas diferentes épocas do ano), regularizando, assim, a oferta de hortaliças em todo o país. Contudo, essas mudanças de locais de produção podem, às vezes, provocar uma alta de preço nos produtos, devidos aos custos operacionais e logísticos.
O aumento expressivo do custo de produção em várias cadeias produtivas de hortaliças também é uma realidade. Preço de insumos, principalmente adubos (e na produção de hortaliças, o consumo dos mesmos é alto pelas plantas), custo alto de mão de obra (muitos dos processos durante a produção de hortaliças requerem atividades manuais, ou seja, não são mecanizados — ainda — em nosso país) e, por fim, aumento do combustível (uma das maiores altas) observado nos últimos meses, tudo isso afetando o preço do produto final.
E o que se pode fazer para tentar reverter essa situação de alta dos alimentos, incluindo as hortaliças? Discussões sobre o seguro rural, redução de impostos, renegociação de dívidas, manutenção da desoneração da cesta básica, entre outras, são medidas que podem impactar a cadeia produtiva. Linhas de crédito e incentivos ao pequeno e médio produtor, aquele responsável por boa parte da produção de hortaliças no país, são medidas cruciais para alavancar a produção e reduzir o preço dos produtos. E, claro, a utilização de melhores tecnologias (e melhor assistência técnica à agricultura familiar) pode melhorar a performance das lavouras e, talvez, reverter esta situação.
Um fato concreto e certo é o baixo consumo de hortaliças em nosso país. O Brasil consome, por diversas razões, sejam elas econômicas, culturais, etc., menos hortaliças que países mais desenvolvidos. O acesso econômico — menor preço — da hortaliça aumentará o seu consumo por parte da população. E, aqui, estamos falando de alimentação saudável, com menos alimentos processados, mas produtos hortícolas ricos em vitaminas, sais minerais, fibras e antioxidantes. Políticas de incentivo ao consumo de hortaliças, principalmente nas escolas (onde se cria o hábito desde cedo), são extremamente importantes no aspecto nutricional e, claro, evitando problemas de doenças, como obesidade, diabetes, hipertensão etc.
Uma notícia recente foi a nova cesta básica, na qual as hortaliças entraram em “peso” na composição da mesma, prevendo, inclusive, mais alimentos in natura. Um passo bastante importante! Fico aqui pensando (e tiraria o chapéu) para quem “inventou” o self-service (comida a quilo), no qual, mesmo na periferia, as pessoas têm acesso, a preços menores, a um prato mais diversificado em saladas, mais colorido e rico em nutrientes.
Finalmente, o preço das hortaliças não tem acompanhado a desaceleração da inflação observada nos últimos meses, pelo contrário, o preço na gôndola do supermercado, na feira do bairro ou na vendinha da comunidade, disparou. Em um país tropical, onde “se plantando tudo dá”, é inadmissível termos hortaliças a preços tão altos (às vezes, mais caros que carne de primeira), onde (boa) parte da população não tem acesso a esses produtos de qualidade. Como diz o nosso poeta Caetano Veloso, “alguma coisa está fora da ordem...”
N os últimos meses, temos verificado, in locu (e no bolso), o preço elevado das hortaliças na gôndola do supermercado, principal ponto de venda desses produtos no país. O que estamos observando, coincidindo com o verão chuvoso e mais quente, e nos últimos anos cada vez mais intensos devido às mudanças climáticas, é um “aquecimento”, com o perdão do trocadilho, dos preços dos produtos hortícolas. As variações extremas do clima corroboram com a perda das produtividades nas lavouras e com a qualidade do produto colhido nas oleráceas, espécies bastante suscetíveis quando produzidas em campo aberto (o cultivo protegido em estufas pode mitigar esses efeitos adversos). Nesse caso, a pesquisa realizada pela Embrapa e parceiros pode mitigar os efeitos do clima, resultando, inclusive, em uma produção mais sustentável, com menor utilização de insumos ou agrotóxicos, por exemplo. A maior incidência de pragas e doenças, nessas condições adversas, também causa prejuízos para os produtores, aumentando o custo de produção e reduzindo o ganho; com isso, o produto, na maioria das vezes, chega ao ponto de venda com o valor mais alto. As mudanças climáticas têm afetado também as épocas de plantio e, consequentemente, a época de colheita dessas hortaliças; ainda, mudanças nos locais de produção (felizmente, em um país continental, podemos “nos dar ao luxo” de produzir nas diferentes regiões e nas diferentes épocas do ano), regularizando, assim, a oferta de hortaliças em todo o país. Contudo, essas mudanças de locais de produção podem, às vezes, provocar uma alta de preço nos produtos, devidos aos custos operacionais e logísticos. O aumento expressivo do custo de produção em várias cadeias produtivas de hortaliças também é uma realidade. Preço de insumos, principalmente adubos (e na produção de hortaliças, o consumo dos mesmos é alto pelas plantas), custo alto de mão de obra (muitos dos processos durante a produção de hortaliças requerem atividades manuais, ou seja, não são mecanizados — ainda — em nosso país) e, por fim, aumento do combustível (uma das maiores altas) observado nos últimos meses, tudo isso afetando o preço do produto final. E o que se pode fazer para tentar reverter essa situação de alta dos alimentos, incluindo as hortaliças? Discussões sobre o seguro rural, redução de impostos, renegociação de dívidas, manutenção da desoneração da cesta básica, entre outras, são medidas que podem impactar a cadeia produtiva. Linhas de crédito e incentivos ao pequeno e médio produtor, aquele responsável por boa parte da produção de hortaliças no país, são medidas cruciais para alavancar a produção e reduzir o preço dos produtos. E, claro, a utilização de melhores tecnologias (e melhor assistência técnica à agricultura familiar) pode melhorar a performance das lavouras e, talvez, reverter esta situação. Um fato concreto e certo é o baixo consumo de hortaliças em nosso país. O Brasil consome, por diversas razões, sejam elas econômicas, culturais, etc., menos hortaliças que países mais desenvolvidos. O acesso econômico — menor preço — da hortaliça aumentará o seu consumo por parte da população. E, aqui, estamos falando de alimentação saudável, com menos alimentos processados, mas produtos hortícolas ricos em vitaminas, sais minerais, fibras e antioxidantes. Políticas de incentivo ao consumo de hortaliças, principalmente nas escolas (onde se cria o hábito desde cedo), são extremamente importantes no aspecto nutricional e, claro, evitando problemas de doenças, como obesidade, diabetes, hipertensão etc. Uma notícia recente foi a nova cesta básica, na qual as hortaliças entraram em “peso” na composição da mesma, prevendo, inclusive, mais alimentos in natura. Um passo bastante importante! Fico aqui pensando (e tiraria o chapéu) para quem “inventou” o self-service (comida a quilo), no qual, mesmo na periferia, as pessoas têm acesso, a preços menores, a um prato mais diversificado em saladas, mais colorido e rico em nutrientes. Finalmente, o preço das hortaliças não tem acompanhado a desaceleração da inflação observada nos últimos meses, pelo contrário, o preço na gôndola do supermercado, na feira do bairro ou na vendinha da comunidade, disparou. Em um país tropical, onde “se plantando tudo dá”, é inadmissível termos hortaliças a preços tão altos (às vezes, mais caros que carne de primeira), onde (boa) parte da população não tem acesso a esses produtos de qualidade. Como diz o nosso poeta Caetano Veloso, “alguma coisa está fora da ordem...”
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