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Artigo: O impacto silencioso do burnout nas empresas

Essa síndrome é um distúrbio emocional, que envolve primeiramente a saúde mental e que, a longo prazo, pode trazer sintomas físicos ao individuo

Janeiro branco, mês da conscientização da saúde mental e emocional, propõe o debate sobre as raízes do adoecimento dos trabalhadores brasileiros. Burnout é reconhecida como doença laboral -  (crédito: Caio Gomez)
Janeiro branco, mês da conscientização da saúde mental e emocional, propõe o debate sobre as raízes do adoecimento dos trabalhadores brasileiros. Burnout é reconhecida como doença laboral - (crédito: Caio Gomez)

Ludmila Elias Teixeira - Síndrome de burnout, ou também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao trabalho de um individuo, porém ela também o afeta em nível pessoal. Essa síndrome é um distúrbio emocional, que envolve primeiramente a saúde mental e que, a longo prazo, pode trazer sintomas físicos ao individuo.

É importante enfatizar que o diagnóstico da síndrome de burnout é realizada a partir de um diálogo feito por um psicólogo ou psiquiatra, no qual é avaliado o histórico, o relato e a relação do paciente no ambiente de trabalho. E o tratamento é feito por meio de medicamentos, acompanhado mensalmente pelo psiquiatra, e terapia semanal com um psicólogo, quando o indivíduo aprenderá a entender suas próprias emoções, ressignificar alguns hábitos, técnicas de respiração, aprender a observar os sinais que seu corpo dá antes de qualquer crise, entre outros… a fim de evitar a recorrência da síndrome e até mesmo a piora.

Um dos principais impactos do burnout nas empresas é a redução da produtividade. Funcionários que estão acometidos por essa síndrome, muitas vezes, experienciam uma falta de motivação e incapacidade de concentração, queda na qualidade do trabalho, levando a prazos perdidos, erros frequentes e um ambiente de baixa eficiência no trabalho. E assim, aumentando o absenteísmo, o número de funcionários afastados por atestado e, consequentemente, aumentando os custos de treinamento para substitutos, rotatividade de funcionários, impactando financeiramente nas empresas.

Esse estresse crônico no ambiente de trabalho tem se tornado uma preocupação cada vez mais latente nas empresas. Profissionais que estão sofrendo com a síndrome de burnout tendem a ser mais impacientes, insatisfeitos e até mais irritados, o que pode acometer um ambiente de trabalho mais hostil, negativo e tenso entre os membros da equipe. Toda essa pressão, ansiedade e nervosismo é o resultado direto do acúmulo excessivo de estresse, de tensão emocional e de trabalho, afetando tanto o indivíduo quanto a organização como um todo. Infelizmente, o burnout se tornou uma epidemia silenciosa no ambiente corporativo, trazendo enormes prejuízos em termos de produtividade, qualidade e retenção de talentos.

Diante desse cenário, seria de extrema importância as empresas desenvolverem estratégias e investir na prevenção da saúde mental de seus funcionários. Adotar uma cultura organizacional mais proativa e que valorize o bem-estar e a saúde mental de seus colaboradores, provendo um ambiente de trabalho mais saudável, como, por exemplo: oferta de programas de gerenciamento de estresse, acesso a recursos de saúde mental, apoio psicológico, treinamento para gestores sobre como identificar e apoiar funcionários que estão lutando contra essa condição, oferecer treinamento em inteligência emocional e técnicas de gestão de estresse, criação de um ambiente de trabalho que incentive a comunicação aberta e o suporte mútuo. Devemos estimular uma cultura que valorize a escuta empática e o respeito à individualidade. Assim, os colaboradores desenvolvem habilidades para lidar melhor com as pressões e as demandas do dia a dia corporativo e também para uma melhor conscientização de seus colaboradores, visando aumentar a compreensão e a empatia em relação a essa condição.

Outra estratégia importante seria as empresas realizarem uma flexibilização de horários, adoção de trabalho remoto em algumas atividades e a redistribuição de tarefas, visando reduzir a sobrecarga de trabalho e o estresse dos colaboradores. Além disso, empresas que investem em programas de tratamento psicológico demonstram um compromisso genuíno com o bem-estar de seus funcionários, fortalecendo a lealdade e a satisfação dos colaboradores e também, pode atrair mais talentos, criando uma reputação positiva no mercado de trabalho.

Em última análise, o impacto do tratamento psicológico para indivíduos com burnout nas empresas é multifacetado e abrangente. Desde a redução do absenteísmo até a promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis. Reconhecer e abordar a síndrome de burnout não apenas beneficia os indivíduos, mas também pode levar a uma cultura organizacional mais positiva, maior engajamento dos funcionários e melhores resultados para a empresa, fortalecendo as organizações em sua totalidade. Portanto, investir em medidas preventivas e criar um ambiente de trabalho saudável e acolhedor são passos essenciais para garantir o sucesso e a sustentabilidade do negócio a longo prazo.

 Psicóloga, terapeuta cognitiva-comportamental e programadora neurolinguista*

 


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postado em 21/03/2024 06:01
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