Ainda precisar debater a igualdade de direitos e o respeito ao sexo feminino parece algo datado para 2024. Infelizmente, porém, a pauta não deixa de marcar presença, especialmente neste mês, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher e que deveria ser apenas um período para homenageá-las.
No ano passado, somente no Distrito Federal, foram 34 vidas femininas ceifadas por questões de gênero, o dobro de ocorrências registradas em 2022. As tentativas de feminicídio também dobraram — o número passou de 37 para 78. Em relação a outros crimes, a maioria registrou queda, conforme levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF. O número de homicídios, assaltos e furtos, por exemplo, caíram. O que se nota é que existe um alvo direcionado, um ódio enraigado, como uma guerra declarada.
Ao longo da história, as mulheres são submetidas a uma série de discrepâncias em comparação aos homens. Em diversas culturas e épocas, as oportunidades educacionais, profissionais e sociais foram sistematicamente negadas a elas.
A conscientização sobre essas disparidades tem crescido, e movimentos feministas — que são abraçados também por homens em busca da desconstrução do machismo — têm emergido para combater essas injustiças. Mas a igualdade feminina não se resume apenas a estatísticas numéricas ou à presença de mulheres em cargos de liderança. É sobre reconhecer o valor delas e garantir que tenham as mesmas oportunidades, direitos e voz no mundo.
Um dos aspectos fundamentais dessa luta é a desconstrução de estereótipos de gênero. E isso vem desde a infância, quando as meninas, que usam rosa, são frequentemente direcionadas para brinquedos e atividades consideradas femininas, enquanto os meninos — de azul — são incentivados a buscar interesses "de macho". Garotos andam sem camisa nas ruas, mas se a garota usa uma roupa curta, está se oferecendo.
Essa segmentação precoce cria uma base para expectativas e normas sociais que podem restringir o desenvolvimento individual. E que favorecem a prática das mais diversas violências. A sociedade se acostumou a perpetuar essa desigualdade impondo expectativas distintas para homens e mulheres e é crucial que se rompa com esses estigmas para que a igualdade seja alcançada em todas as esferas da vida, no ambiente de trabalho, nas relações familiares e no direito à vida.
É uma luta contínua. A guerra tem suas raízes profundamente entrelaçadas na história e nas estruturas sociais. A igualdade de gênero não é apenas uma questão de justiça, mas também um requisito essencial para o progresso e o bem-estar de uma sociedade.
Agora em março, nós vamos, sim, prestar homenagens às mulheres, mas também iremos abraçar a causa da defesa, até quando for necessário.
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