Em boa parte dos países, assiste-se ao retorno da covid ceifando milhares de vidas e, muito embora já sejam amplamente conhecidos os recursos para fazer face a tal crise, os setores responsáveis por esse enfrentamento não conseguem eliminar o vírus. Daí que novas mortes, mesmo em ritmo menor do que outrora, vão engordando a lista dos féretros, tanto nas casas dos ricos, como nas dos pobres. O mesmo pode-se dizer, no que aflige mais especificamente o Brasil, da emergência de saúde relacionada à dengue.
Mesmo tendo ciência de quais sejam as providências necessárias para evitar as catástrofes que aí estão abalando o meio ambiente, seja nos rios e oceanos, nas planícies desérticas ou nas grandes florestas e, agora, inclusive, nas bordas das grandes cidades, outrora identificadas as causas, nota-se que as populações de todo o planeta vivenciam seus desastres locais e pelos telejornais acompanham os que ocorrem em outros continentes. E, nesse ponto, igualmente não há um "facere" que evite novas desgraças.
Todos reprovam práticas de extermínio de populações, de discriminação potencializada no ceifar de vidas humanas, ultrapassando, assim, os meros discursos ante órgãos internacionais, sem que, todavia, consigamos ir além da perplexidade em si. Por vezes, ainda que um pouco aos atrapalhos, manifestamos duras críticas ante o extermínio de vidas ocorrido nas guerras, nas ocupações de faixas de terras, sem conseguir contar, aqui também, com medidas eficazes, que pesem os órgãos internacionais já existentes, competentes para tentar evitar tais barbaridades.
Também não são felizes os episódios verificados em vários países, onde grupos marginais, sem a menor cerimônia e temor ao Estado, entram em residências, estabelecimentos comerciais, agências de bancos internacionais e, de "cara limpa", armas em punho, sem receio das câmeras de segurança, cometem assaltos milionários.
Sim, poderíamos digitar páginas alistando crimes impunes, desgraças anunciadas e não evitadas, promovendo reflexões sobre assuntos já tantas vezes focados. Todavia, e queira Deus esteja este subscritor equivocado, ante tantas notícias chocantes, nenhuma delas supera, ao menos em termos de curiosidade, aquela da fuga, ocorrida há poucos dias, de uma das nossas penitenciárias de segurança máxima.
A intenção não é polemizar. É evidente que a falta de remédios e de próteses nas linhas de emergências dos atendimentos hospitalares é algo muito mais relevante, bem como a falta de vagas nas escolas básicas, nos cursos elementares. Sim, em tudo, tais mazelas são mais importantes. Mas, convenhamos, santo Deus, em uma penitenciária de segurança máxima, valendo-se de uma barra de ferro, os detentos conseguem alargar o buraco da iluminação (artificial) das celas e, pronto, lépidos e fagueiros, ganham as vias públicas. Assim, de imediato.
Diante do acontecido, é de se acreditar que nossa população já tenha, ao menos, uma certeza e uma dúvida. A certeza é a de que a "trupe" do crime organizado está festejando e fazendo chacota. Já a dúvida é tocante aos resultados das apurações de responsabilidades. Outra vez ocorre a ideia de reformular o sistema, sugerindo-se adotar solução própria, como ocorreu, com sucesso, no caso da ponte que caiu, na localidade do Rio das Antas, no Rio Grande do Sul, onde a comunidade resolveu, e bem, a questão. Aliás, essa é a ideia ora proposta, pois a iniciativa privada, também nessa frente, seria muito mais efetiva.
No Ministério da Justiça, Lewandowski inicia agora sua gestão. Habituado a grandes e intrincadas peleias, solucionará mais essa. Cordial no trato, não brinca em serviço. É eficiente!
*MARCO BUZZI, Ministro do Superior Tribunal de Justiça
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