O auge da pandemia de covid-19 passou, mas a doença deixou sequelas na saúde mental da sociedade. Muitos dos que sobreviveram carregam incômodos invisíveis, mas nem por isso menos dolorosos, como depressão, ansiedade e transtornos do humor. Um estudo, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que as queixas se estendem para insônia e, em casos mais graves, demência, principalmente para quem tem mais de 65 anos.
Incerteza, medo e solidão, um misto de sentimentos e situações que, quando se unem alteram, a vida e geram doenças. A saída para muitos é medicamentosa, mas especialistas alertam que o ideal é associar tratamentos — remédios e terapias — e modo de vida. Quantas vezes a gente para e faz o que gosta?
Coisas simples, como olhar uma paisagem, conversar com uma pessoa querida, tomar uma café com calma, filosofar com o cachorro ou o gato, ler aquele livro que está adormecendo na mesa de cabeceira? O tempo ... Que contraria o ponto de vista dos homens e do relógio e tem seu próprio modo de enxergar o mundo, quem o controla?
Se não é possível controlar o tempo, o senhor da razão, é preciso nos aliar a ele para garantir momentos de felicidade e saúde mental. Um cineminha no dia de folga, uma conversa desinteressada, mas nem por isso desinteressante em qualquer momento. A saúde mental também é cultivada por momentos de placidez e contemplação.
Considerando que a expectativa de vida do brasileiro é ultrapassar 75 anos, há um longo caminho pela frente, que exige sobretudo saúde. A mente em ordem e equilíbrio conduz a máquina. A felicidade e a alegria são elementos fundamentais para isso. Cultivar a saúde mental faz parte das atitudes mais simples e cotidianas.
Os abusos pelos "pecados da carne" devem ser questionados. Será que vale tomar uns goles a mais? Por que será que as substâncias são ilícitas e não lícitas? Talvez a resposta esteja justamente na impossibilidade de autocontrole sobre tudo aquilo que extrapola.
A nós, da imprensa, cabe a discussão em torno do combate ao estigma das doenças mentais e dos estereótipos em torno do tema. Nosso esforço é lutar contra o senso comum e as avaliações de profissionais não habilitados, pois para tratar de transtorno mental, apenas aqueles que lidam diretamente com o assunto.
Um psiquiatra, por vezes, leva meses para fechar o diagnóstico de um paciente, portanto revelar de forma pública — seja em TV, rádio, jornais ou noticiário on-line — que um determinado sujeito é esquizofrênico ou bipolar viola os princípios da apuração e checagem bem realizados.
A arte e a comunicação são instrumentos essenciais na construção do bem comum e da qualidade de vida para todos, mesmo para aqueles que vivem o incômodo de um mundo repleto de alucinações e delírios. Cabe a todos nós o questionamento: o que é ser louco? Por que o estigma, o estereótipo e o rótulo prevalecem? Singelamente, ousa-se responder: pela escassez, equívocos e descasos na mídia que, lamentavelmente, por vezes esquece seu papel social.
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