Terminaram, ontem, as férias para crianças e jovens matriculados na rede pública de ensino do Distrito Federal. Cerca de 470 mil alunos de 835 escolas retornaram às salas de aula — 35 mil a mais do que no ano anterior, segundo a Secretaria de Educação. Esse aumento implicará esforço maior dos docentes da rede pública, que tem um deficit de 15 mil professores, resultado de aposentadorias e mortes no quadro de efetivos. A previsão é de que, no próximo ano, ocorra novo concurso público, a fim de reduzir a defasagem de professores nas escolas públicas. Em Minas Gerais, as aulas para 1,6 milhão de alunos, de 3.525 escolas, começaram em 5 de fevereiro.
Os alunos voltam às aulas em meio a mais uma crise sanitária, provocada pela dengue e da covid-19, cujos casos têm aumentado no DF, em Minas Gerais e em outras unidades da Federação. Essas doenças levam os estudantes a ficar distantes das escolas. Nesse aspecto, cumpre aos diretores das unidades de ensino tornarem-se aliados da saúde individual e coletiva, cobrando dos pais ou dos responsáveis o cartão de vacinação atualizado. Caberia aos dirigentes das escolas, por responsabilidade com a vida de crianças e adolescentes, criar barreiras ao negacionismo que, durante o período mais agudo da covid-19, levou a óbito mais de meio milhão de brasileiros — ainda hoje, segue fazendo novas vítimas.
As dificuldades para os avanços da educação no país não estão restritas à falta de professores. Há reclamações em relação à remuneração dos profissionais, instalações inadequadas nas unidades de ensino e superlotação de estudantes nas salas de aula, comprometendo o repasse do conteúdo aos alunos. Especialistas e pesquisadores apontam outros desafios a serem superados pelo sistema educacional brasileiro: acesso à escola e processo de aprendizagem; modelo distorcido de formação de docentes; falta de investimentos generalizados e inovação; desinteresse dos alunos; e baixa participação das famílias na vida escolar. A pobreza extrema, ainda hoje, empurra milhares de crianças e jovens ao trabalho precoce e é, sem dúvida, mais um fator comprometedor do desenvolvimento da educação.
Tornar a escola um ambiente agradável e desejado pelas crianças e pelos jovens é um dos maiores desafios aos docentes e às autoridades que conduzem a política educacional do Brasil. Sem educação, não há país desenvolvido, uma afirmativa comprovada, quando se compara a qualidade de vida entre os países. Mas essa transformação não depende só das iniciativas do poder público. É uma construção coletiva que começa pela família e se estende aos dirigentes de colégios em todas as etapas do ensino, seja público, seja privado. O compromisso com uma educação de qualidade deve ser de todos.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br