Por Fábio Paiva*
No cenário do trânsito contemporâneo, um fenômeno preocupante tem se espalhado pelas estradas e, principalmente, vias urbanas: a "epidemia" de desrespeito às setas de conversão. Tanto quanto a epidemia da dengue, essa também provoca mortes. Essas pequenas, porém cruciais, ferramentas de comunicação entre condutores estão sendo ignoradas de forma alarmante, resultando em situações perigosas e desrespeito às normas de trânsito. Um problema que merece atenção urgente, especialmente quando consideramos as implicações para a segurança viária e a qualidade do ambiente urbano.
Brasília, uma cidade que já foi referência em respeito às normas de trânsito, enfrenta agora um dilema que mancha sua reputação: a falta generalizada de uso das setas. Enquanto outrora celebrada por sua atenção às faixas de pedestres, a capital brasileira agora se destaca por uma prática desrespeitosa e perigosa que ameaça a segurança de seus cidadãos.
A recusa em utilizar as setas de conversão não é apenas uma questão de cortesia ou etiqueta no trânsito. Trata-se, acima de tudo, de um imperativo de segurança. A sinalização adequada das intenções do condutor é essencial para que outros usuários da via possam antecipar e reagir de maneira apropriada às mudanças de direção. Afinal, "nem todos" que seguem atrás têm o dom da vidência. Ao negligenciar o uso das setas, os condutores colocam em risco não apenas suas próprias vidas, mas também a de pedestres, ciclistas e outros motoristas.
É importante ressaltar que a falta de uso das setas de conversão não é apenas uma contravenção de etiqueta no trânsito, mas também uma violação das normas legais. Em muitos países, incluindo o Brasil, a legislação de trânsito estipula claramente a obrigatoriedade do uso das setas ao realizar manobras de conversão ou mudança de faixa. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o uso da seta é obrigatório para todos os motoristas. Deixar de usá-la é considerado uma infração grave, que gera multa de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira de habilitação.
Diante desse cenário preocupante, é imperativo que medidas sejam tomadas para combater o que considero uma epidemia de desrespeito às setas de conversão. Isso inclui uma abordagem multilateral, que envolve tanto a aplicação rigorosa das leis de trânsito quanto à educação e conscientização dos condutores sobre a importância do uso responsável das setas.
As autoridades de trânsito têm um papel fundamental a desempenhar na fiscalização e aplicação das normas existentes. É essencial que haja uma resposta firme e consistente a comportamentos irresponsáveis no trânsito, incluindo a falta de uso das setas de conversão. Isso pode ser alcançado por meio de operações de fiscalização regulares, acompanhadas de campanhas de conscientização pública que destaquem os riscos e consequências da negligência no uso das setas.
Além disso, é fundamental investir em programas de educação no trânsito desde a idade escolar, ensinando aos futuros condutores não apenas as regras básicas da condução, mas também a importância do respeito mútuo e da responsabilidade compartilhada na via pública.
Em última análise, a epidemia da falta de uso das setas de conversão é um reflexo de uma cultura de irresponsabilidade e individualismo que permeia muitos aspectos de nossa sociedade contemporânea. No entanto, é um problema que pode e deve ser abordado com determinação e comprometimento por parte de todos os envolvidos: condutores, autoridades de trânsito e a sociedade em geral. Somente através de uma abordagem abrangente e colaborativa podemos esperar reverter essa tendência preocupante e criar um ambiente de trânsito mais seguro e respeitoso para todos.
A falta de uso das setas de conversão representa um desafio significativo para a segurança viária e a qualidade do trânsito urbano. É fundamental que a sociedade e as autoridades de trânsito trabalhem juntas para promover uma mudança cultural que valorize o respeito mútuo e a responsabilidade compartilhada nas estradas e nas vias públicas. Ao fazer isso, podemos criar um ambiente de trânsito mais seguro e harmonioso. Porque eu, particularmente, estou farto de passar raiva e tomar sustos diários no trânsito. Também considero que perdi muito do meu precioso tempo promovendo campanhas solitárias nas redes sociais que, de forma recorrente, foram ignoradas pelas autoridades e motoristas.
*Jornalista
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