Além do banho de mar na Praia de Ipanema e das idas ao Maracanã para assistir a jogos do Flamengo, o que determina as minhas idas ao Rio de Janeiro, com certa frequência, é a programação artística, especialmente os espetáculos musicais. E isso já faz tempo.
Recordo-me, como se fosse hoje, da primeira vez, quando me dei de presente, depois de concluir o curso de jornalismo na Universidade de Brasília. À época, os shows dos grandes artistas naquela cidade ficavam meses em cartaz e sempre lotados.
O apartamento de uma querida tia na rua Siqueira Campos, onde fiquei hospedado, ficava a 200 metros do Shopping Copacabana, que tinha como uma das referências o Teatro Teresa Rachel (hoje, Sala Teresa Rachel, do Teatro Claro). Ali, em pleno verão, chamava a atenção dos cariocas e turistas o Fa-Tal, clássico do legado de Gal Costa, posteriormente registrado em disco.
Na mesma época, num outro extremo daquele bairro da Zona Sul, Maria Bethânia abarrotava o Teatro da Praia com Rosa dos Ventos. Guardo na memória, entre tantas que a assisti, as primeiras apresentações de Paul McCartney e Rolling Stones (com abertura de Rita Lee), realizadas no Maracanã; de Elton John, no Estádio da Gávea; de Chico Buarque e Maria Bethânia, no saudoso Canecão; de Stevie Wonder e Gilberto Gil, no extinto Olímpia, na Barra da Tijuca; e, obviamente,do Queen, James Taylor e Ney Matogrosso (acompanhado pela banda brasiliense Placa Luminoso), no primeiro e histórico Rock in Rio.
De volta ao Rio, na semana passada, tive o privilégio de estar em frente ao palco do Vivo Rio, anexo ao Museu de Arte Moderna, para presenciar a celebração dos 100 anos da Portela, produzida por Teresa Cristina, que se desdobrou como mestra de cerimônia. A cantora recepcionou em cena Mauro Diniz, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Wanderley Monteiro, Fernanda Abreu e Orlando Morais. A comemoração teve como principal destaque a Velha Guarda da tradicional escola de Madureira.
Três dias antes, estive no Blue Note, casa noturna de Copa, que tem desenvolvido uma interessante e diversificada programação musical. Lá, aplaudi Leila Pinheiro e Roberto Menescal, ao ouvi-los relembrar ternas e antológicas canções da Bossa Nova e homenagear Carlos Lyra — um dos mais importantes compositores do movimento que trouxe modernidade à música popular brasileira. Com surpresa e sensibilizado, ouvi a cantora fazer referência a mim logo após chamar a atenção para a presença do o biógrafo Ruy Castro, autor do best seller Chega de saudade.